sábado, 11 de dezembro de 2021


11 DE DEZEMBRO DE 2021
LYA LUFT

Quem diz?

Quem diz que somos bons seres humanos?

Não somos bons nem maus, escrevi num poema anos atrás: somos tristes.

Não sei quando, mas certamente num momento difícil, que todos os temos, vida revivida.

Revisitada.

Vida alheia que se enrosca na nossa e para sempre nos atinge, machuca ou ilumina.

E assim se constroem casas, cidades. Entreveem-se futuros, utopias se abrem. Nós, coitados, buscando nem sabemos o que, mas quase sempre um milagre bonito e bom.

Nada de mais grosseria nem brutalidade. Nada de olho crítico ou gesto impaciente, mesmo quando o outro nos irrita demais.

De repente nos fazemos a pergunta velhíssima: o que estou fazendo aqui? Agora? Qual meu rosto atrás das máscaras que uso para sobreviver - eu acho?

Mas afinal vemos que tudo é pretensão e tolice, porque não saberemos.

Então a gente boceja, vira de lado, cobre a cabeça com a coberta, e dorme.

Profundamente. Sem vãs filosofias.

Antes de cair no doce sono abrimos um olho: amanhã vou perguntar ao pai o que é democracia.

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