terça-feira, 21 de dezembro de 2021


21 DE DEZEMBRO DE 2021
POLÍTICA +

Queiroga segue a trilha de Pazuello

Com uma filosofia de para-choque de caminhão, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, justificou a demora em comprar vacinas para crianças de 5 a 11 anos, autorizadas na quinta-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Poderia ter repetido a frase de seu antecessor Eduardo Pazuello, que está nas entrelinhas da concordância em retardar a vacinação desse público, se assim os pais desejarem: "Um manda e o outro obedece".

Porque o presidente Jair Bolsonaro não quer a vacinação de crianças e faz campanha contra, o médico Marcelo Queiroga tenta ganhar tempo dizendo que "a pressa é inimiga da perfeição".

Não se pode acreditar que o problema seja mesquinharia, já que será preciso comprar essas vacinas - que são diferentes das aplicadas em adultos. O comportamento de Queiroga sugere apenas subserviência a um capitão que nada entende de medicina, mas desde o início da pandemia fala como se fosse do ramo, repetindo frases que colhe na internet e ouvindo médicos que navegam na contramão da maioria da comunidade científica. Foi assim com a cloroquina, o uso de máscaras, o distanciamento social, a vacina para adultos (que comprou porque não teve como evitar) e agora a imunização de crianças.

Se a pressa é inimiga da perfeição, em se tratando de uma vacina testada e que está sendo usada em larga escala nos países desenvolvidos (mais de 7 milhões de crianças já foram vacinadas nos Estados Unidos), o atraso seria amigo de quem? Do vírus? Do pequeno grupo de médicos antivacina?

Na reunião da Câmara Técnica Assessora de Imunização, na sexta-feira, ficou evidente a pressão do Ministério da Saúde para que os técnicos adiassem qualquer deliberação sobre a vacinação de crianças antes de ouvir o grupo de 45 médicos que encaminhou uma série de questionamentos à Anvisa e requereu, sem sucesso, que a agência não desse a autorização na quinta-feira passada.

A secretária extraordinária de combate à pandemia, Rosana Leite de Melo, defendeu um amplo debate para "ouvir o outro lado" antes de comprar as doses e iniciar a vacinação.

A câmara técnica ignorou as pressões e, ainda no sábado, divulgou parecer reforçando o apoio à decisão da Anvisa e solicitando que o Ministério da Saúde adote as providências necessárias à imunização o mais rapidamente possível. A Anvisa garante que a vacina é segura para crianças, passou por todas as fases de testes e está sendo aplicada em diversos países, entre os quais Estados Unidos e Canadá.

Veto ao fundão dividiu gaúchos

O veto do presidente Jair Bolsonaro ao fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões, derrubado na semana passada, dividiu a bancada gaúcha tanto na Câmara quanto no Senado.

Na Câmara, foram 14 votos sim (pela manutenção do veto) e 14 não (pela derrubada e a favor do fundão). Três deputados não votaram.

No Senado, Paulo Paim (PT) e Luis Carlos Heinze (PP) votaram pela derrubada do veto e Lasier Martins (Podemos) contra.

O governo do Estado planeja lançar nesta semana a segunda etapa do programa Pavimenta, que financia a ampliação e melhoria da infraestrutura rodoviária nos municípios. O ato em que serão anunciados os valores e as prefeituras contempladas está previsto para quinta-feira, no Palácio Piratini.

Acertando os ponteiros

A avaliação das chances de aprovação dos projetos que serão votados na Assembleia Legislativa nos dois últimos dias de sessão antes do recesso concluiu que todas as propostas de interesse do governo deverão ser aprovadas. As mais polêmicas são o reajuste do magistério, o novo plano de carreira dos praças da Brigada Militar e o da regionalização do saneamento. O chefe da Casa Civil, Artur Lemos, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior e o líder do governo na Assembleia, Frederico Antunes, conversaram com os deputados por videoconferência. E, apesar da reclamação do Cpers de que 6.352 aposentados e 3.110 pensionistas não terão qualquer reajuste, a expectativa é de aprovação, porque todos os professores em atividade e inativos com paridade ganharão entre 5,53% e 32%. 

O procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, explicou que esses 9 mil nunca estiveram nos cálculos do governo porque, como não têm paridade com os ativos, legalmente não poderiam receber o reajuste. A Emenda Constitucional 41/2003, acabou com a paridade salarial entre ativos e inativos para quem ingressou no serviço público após a promulgação. Os aposentados sem paridade só terão alguma correção salarial quando o governo promover reajuste geral para todas as categorias, o que deve ocorrer em 2022.

aliás

Em setembro, o governo tentou retardar a vacinação dos adolescentes de 12 a 17 anos, mas a pressão das famílias e dos governos estaduais obrigou o ministro a recuar. A diferença é que para esse público a vacina é a mesma dos adultos e os Estados e municípios poderiam se rebelar e usar. No caso das crianças de cinco a 11 anos, é outra e precisa ser comprada.

Cassação e inelegibilidade

A Procuradoria Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul recomendou, em parecer, a cassação do prefeito de Santa Rosa, Anderson Mantei (PP), e do vice, Aldemir Ulrich (MDB), e a realização de nova eleição no município. No mesmo documento, o órgão postula que Mantei, o ex-prefeito Alcides Vicini (PP) e o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, fiquem inelegíveis por oito anos.

O parecer foi emitido no âmbito de ação movida por Orlando Desconsi (PT), candidato derrotado em 2020.

Para a procuradoria, Mantei, Vicini e Hang cometeram abuso de poder econômico durante atos realizados no dia 11 de novembro de 2020, quatro dias antes do pleito. Na ocasião, Hang esteve em Santa Rosa para anunciar um novo empreendimento da Havan, discursou em favor da candidatura de Mantei e desferiu críticas ao PT.

Sperotto assina ficha no PSDB

Ex-prefeito de Guaíba e ex-deputado estadual, José Sperotto assina ficha no PSDB hoje, em ato na sede do diretório estadual do partido.

Sperotto estava no PTB, partido que perdeu vários filiados por causa dos ataques do ex-presidente do partido, Roberto Jefferson, ao vice-governador Ranolfo Vieira Júnior e ao governador Eduardo Leite. Antes, foi filiado ao DEM.

O projeto de Sperotto para 2022 é concorrer a deputado estadual.

ROSANE DE OLIVEIRA

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