sexta-feira, 17 de dezembro de 2021


17 DE DEZEMBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

REFORÇO NA BARREIRA CONTRA O VÍRUS

Cercados da devida precaução, todos os esforços direcionados a controlar a covid-19 no país são bem-vindos. É o caso da vacinação de crianças de cinco a 11 anos com o imunizante da Pfizer, aprovada ontem pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A decisão, baseada em uma análise meticulosa de dados e estudos da fabricante, atesta a eficácia e a segurança para este público. Assim, é mais um passo no cerco que aos poucos vai se fechando contra o vírus, por diminuir os espaços para que siga circulando e possa mutar.

Sabe-se que as crianças, em regra, não evoluem para quadros graves da doença quando são infectadas. Mas são transmissoras do patógeno. Vaciná-las, portanto, significa não apenas protegê-las individualmente, mas reforçar a barreira coletiva, o grande benefício da imunização em massa. Se as vantagens superam em muito os riscos, não haveria razão para não ampliar a cobertura da população brasileira com mais uma faixa etária, com dose e intervalo adequados.

A vacinação de crianças, porém, tem sido alvo de desinformação por parte de negacionistas. Até por este motivo, é preciso também uma mobilização para que se difundam informações corretas. A decisão da Anvisa teve o amparo e o aval de grupos de especialistas em pediatria e imunologia, que também tiveram acesso aos dados levados em consideração. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) atestaram a posição da agência, que, aliás, tem desempenhado um papel técnico essencial ao longo da pandemia no país, a despeito dos ataques sofridos. Merece reconhecimento, por exemplo, o próprio presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, que tem se mostrado uma figura com postura irretocável, imune a pressões e guiado apenas pelos ditames das evidências científicas.

Vários países da Europa e nações como Estados Unidos e China, além dos sul-americanos Uruguai e Chile, entre tantos outros, já vacinam ou estão iniciando a imunização de crianças. Os dados, até aqui, comprovam mais uma vez que os ganhos são amplamente superiores aos riscos de reações adversas, em geral leves e muitas relacionadas a erros na aplicação.

O Instituto Butantan fez ainda novo pedido de análise da Anvisa para a aprovação da CoronaVac para crianças e adolescentes. Em julho, a solicitação foi negada porque as informações foram consideradas insuficientes. Aguarda-se, agora, que os novos elementos agregados possam levar à permissão, após análise rigorosa da agência. Assim, o país passaria a contar com mais opções. Em relação à Pfizer, deve o governo federal acelerar a aquisição das doses, ao mesmo tempo que equipes são treinadas e cria-se o ambiente diferenciado exigido, para que as crianças brasileiras também possam rapidamente estar mais seguras ao fazer parte do escudo comunitário essencial para controlar a pandemia.

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