sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

31 DE DEZEMBRO DE 2021
EM DIA

ENTRE ANSIEDADE E INCERTEZA, A ESPERANÇA

E lá se vai 2021. Tenho 39 anos e não recordo de sentir um clima de expectativa tão grande pelo encerramento de um ano. É uma reprise do que havia sido o final de 2020, só que agora temperado com um cansaço maior, me parece. Depois de observarmos, por aqui, o pico de internações e mortes por covid-19, conseguimos avançar e consolidar a vacinação, que nos oferece a expectativa de superação dessa fase tão terrível da nossa história. Ainda assim, outros desafios despontam e nos inquietam, criando uma mistura de ansiedade pela superação de 2021 e a incerteza para 2022.

A gestão da pandemia no Brasil foi tenebrosa, bem sabemos. Foi preciso a instauração de uma CPI para investigar a insistência do governo federal em medicamentos inúteis para tratar a doença e também o atraso inacreditável na aquisição de vacinas, entre outras coisas que ali surgiram. Nos horrorizamos com tudo que foi relatado. Estamos exaustos não apenas pelo curso natural da pandemia, mas especialmente pelo modo como fomos guiados através dela. Queremos arrancar a última página do calendário para superar isso.

No entanto, 2022 não se oferece leve. Primeiro, ele traz as cicatrizes dos últimos dois anos. São mais de 600 mil famílias que perderam alguém, além de outros milhares de pessoas que seguirão se recuperando das sequelas da doença. Além disso, estamos em fase de lidar com os desafios socioeconômicos que se apresentam. A combinação de inflação alta, renda baixa, desigualdade e pobreza não será fácil de ser enfrentada.

Precisaremos de um olhar bastante especial sobre os mais vulneráveis. A solidariedade e a cobrança dos nossos governos por assistência social de qualidade são exercícios que devemos estar dispostos a fazer em 2022. Estes últimos dois anos foram duros para todos nós, mas em diferentes níveis. Precisamos, agora, de um esforço para buscar quem ficou para trás.

Se temos desafios e incertezas para 2022, não significa que não temos esperança. Parte do frio na barriga nesta virada é alívio, outra parte é a incerteza pelo desconhecido depois de tempos tão difíceis. A esperança é o sentimento nobre e confortador que nos motiva a olhar com otimismo para um novo ano. Feliz 2022!

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