quinta-feira, 23 de dezembro de 2021


23 DE DEZEMBRO DE 2021
INFORME ESPECIAL

Uma bênção em Israel

Perguntei para a minha tia Betty: "O que é isso?". Ela, com um sotaque já carregado depois de tantos anos vivendo em Tel Aviv, explicou. Era uma propaganda na tevê ensinando como lavar a louça usando pouca água. Eu tinha 17 anos e, morando até então às margens do Guaíba, tive um pouco de dificuldade para compreender. Nos dias seguintes, vi também que os jardins das casas estavam secos. Ninguém regava. Lavar o carro com mangueira na calçada? Um crime.

Meses depois, fui morar em uma fazenda coletiva (kibutz), onde trabalhei em uma plantação. Vi mangueiras esparramadas pelo chão. Delas iam saindo, em horários específicos, uma gota de água de cada vez, na quantidade exata que a planta precisava, perto da raiz. Tudo regulado pelo computador, a partir da umidade do ar e da terra. Estávamos em 1985, vale lembrar.

Mas o que mais me impressionou, anos depois, foi a leitura do acordo de paz entre Israel e Jordânia. A paz, em si, foi sacramentada em meia dúzia de linhas. Depois, há páginas e mais páginas definindo como seriam usados os recursos hídricos na região.

Lembrei de tudo isso quando vi e comentei, essa semana, no Jornal do Almoço, a seca que se faz sentir em várias regiões do Rio Grande do Sul. E me recordei, por fim, de um entardecer, quando peguei um táxi na mesma Tel Aviv. Chovia muito. Ao sentar no banco de trás, molhado, puxei aquela tradicional conversa com o motorista: "Que chata essa chuva, né". Ele me olhou, intrigado, pelo retrovisor. Era um senhor grisalho, com uma voz grave e suave. Falou como quem ensina um filho, com segurança e generosidade: "Não, a chuva não é transtorno. A chuva é uma bênção". Enquanto os pingos batiam no vidro, tive uma sensação reconfortante e estranha. Aquela voz...aquele senhor... aquela quase oração, ainda mais em hebraico. Na dúvida, eu disse amém. Afinal, ainda mais ali, tudo é possível.

Confirmado

O filósofo, professor universitário e escritor brasileiro Luiz Pondé é um dos palestrantes confirmados para o Gramado Summit, tradicional conferência de inovação nacional. O evento acontece de 6 a 8 de abril de 2022 e discutirá sobre empreendedorismo, tecnologia e futuro.

Qualidade gaúcha

O projeto Annelida, conduzido pela UFRGS, foi premiado em uma das cinco categorias do prêmio ANP de Inovação Tecnológica, que reconhece iniciativas relacionadas ao setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis do país. A iniciativa criou um robô com mobilidade semelhante a de uma minhoca, com capacidade de percorrer e desobstruir os dutos usados na extração de petróleo no pré-sal. A tecnologia ajudará a reduzir passivos ambientais e prejuízos bilionários à indústria petrolífera. Os primeiros testes oficiais nos dutos da Petrobras estão previstos para ocorrer em 2022. O trabalho conta com a parceria das fundações de apoio FAURGS e FEENG, além do Senai, Petrobras e USP. Para quem quiser conferir um pouco da tecnologia, esse post dá uma boa ideia do seu funcionamento: https://gzh.rs/33QH4OW

Raízes

A escola Carlos Boettcher Filho, em Rio Pequeno, localidade na zona rural de Sinimbu, recebeu a doação de R$ 30 mil, computadores, além de livros em inglês e alemão. A iniciativa foi liderada por Laura Boettcher, bisneta do comerciante descendente de alemães que dá nome a escola. A doação em dinheiro foi levantada com a ajuda de empresas e pessoas físicas da região do Vale do Rio Pardo. É possível contribuir com o projeto voluntário através da chave pix: 01084871000101 (CNPJ).

DO BEM

Na última terça-feira, mais de 200 pessoas foram recebidas na confraternização de Natal promovida pelo Instituto Geração Tricolor. A festa contou com a distribuição de presentes, lanches e com a presença do Mosqueteiro e do Papai Noel, vestido de azul, claro. A dupla chegou na sede do instituto de barco, pelo Guaíba.

TULIO MILMAN

Nenhum comentário: