25 DE DEZEMBRO DE 2021
FLÁVIO TAVARES
NATAL OU NOEL?
O Natal é, antes de tudo, a celebração da humildade. Festejamos uma criança nascida numa estrebaria e cujo berço foi uma manjedoura. Esta festa fez do Natal uma bússola a nos indicar os caminhos da fraternidade.
Em minha infância, já ansiávamos pelos presentes, mas o importante eram os presépios armados em cada casa e que atingiam o ponto máximo nos templos católicos e luteranos. A festa do Natal só era completa conhecendo os presépios nas igrejas. Até agnósticos e ateus os visitavam como obra de arte.
A sociedade de consumo, porém, substitui pouco a pouco o espírito fraterno do Natal pela presença quase única do Papai Noel distribuindo presentes. O Natal deixa de ser o mais profundo festejo do Ocidente para limitar-se a uma festa profana em que a única atividade é presentear. Ou, então, empanturrar-se na ceia natalina, algo inventado nas últimas décadas e que imita a ceia de Ano-Novo.
Mesmo abandonando sua origem sagrada, ou até com Papai Noel suplantando o Menino Jesus, a noite de Natal tem em si mesma um tom de magia, pois marca nossa fase adulta ao descobrirmos que Papai Noel não existe e que os presentes vêm de nossos pais. Recordo até hoje aquela noite em que me libertei da inocência infantil e o mundo da verdade se abriu na vida.
Sim, pois o Natal vai além do significado religioso. Recordo nos anos 1950, o dono de uma fábrica de bonecas na Rua São Pedro, em Porto Alegre, Israel Wengrover, que era judeu (e, assim, não tinha ligação com a data), saía com um saco de brinquedos para doá-los às crianças na noite de Natal.
Até com Noel, o Natal une.
Mas dezembro não vive só o espírito de Natal. Agora, a invasão dos sistemas de computação da pandemia por hackers é uma pirataria perversa que supera todos os absurdos.
A nova variante cresce, e o desastre se agrava com o ministro da Saúde sugerindo consultar o público sobre se as crianças devem vacinar-se, em um plebiscito sobre viver e morrer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário