sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

31 DE DEZEMBRO DE 2021
INFORME ESPECIAL

O amor 

Todas as noites, é o mesmo ritual. Depois do banho e da última mamada da Maya, fico 20 minutos com ela no colo, para ajudar na digestão. O apartamento está escuro e quieto, porque é importante ensinar aos bebês a diferença entre o dia e a noite. Então a Jaqueline me passa a Maya, já mais pra lá do que cá, depois do esforço da sucção e com a barriguinha cheia de leite. Me ponho a caminhar pela sala, sentindo o corpinho dela amolecer, encostado no meu. Esses 20 minutos se transformaram em um dos melhores momentos do meu dia. Tenho ideias, projeto o futuro, penso no que fiz e no que faltou fazer. De um jeito calmo, terno e protetor. Largo a Maya no berço e sinto então o meu próprio cansaço. Vou dormir leve, feliz, completo.

Com mais de 400 startups, Porto Alegre avança como polo de inovação

Cidade, que em março comemora 250 anos com uma feira internacional voltada à nova economia, abriga um ambiente em aceleração, com ideias, produtos e serviços. São modelos de negócios sendo explorados em empresas embrionárias, hubs temáticos e parques tecnológicos. O desafio é formar mais pessoas para atuar neste mercado em expansão. | caderno Doc

Um livro ainda não escrito 

Vai entender. A que eu cuidava, murchou. A que eu esqueci, cresceu.

Duas plantas tiveram trajetórias apostas durante o ano aqui no meu apartamento. A primeira estava em uma estante. Todos os dias eu passava por ela, olhava, dava oi e tirava as folhas secas. Regava duas vezes por semana. Tudo ia bem até que, em novembro, subitamente, ela secou. Do nada. Tentei mudar de lugar, regar mais, regar menos.

Não adiantou.

Faz algum tempo ganhei uma planta com flores, dessas que se compra no supermercado, em um vaso de plástico. Cumprindo um ciclo curto, as flores murcharam, as hastes secaram, as folhas caíram. Cortei tudo e depositei o vaso, só com terra, dentro de um deck de madeira, sem luz e sem água. Minha ideia era, quem sabe, usá-lo no futuro para uma nova muda. Botei lá e esqueci.

Meses depois, em novembro, durante uma faxina, abri a porta na parte inferior do deck e deparei com três grandes caules verdes, que nasceram apenas com as réstias de sol e de chuva que escorriam pelas frestas estreitas da madeira. Agora, tenho três flores lindas, sem que eu nada tenha feito para isso. Parece nome de livro: As Flores do Esquecimento. Um dia, ainda vou escrever. Acho até que já comecei.

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