sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

31 DE DEZEMBRO DE 2021
ANO-NOVO

Especialistas veem "razão" para a escolha

Psicanalista e escritor, Mario Corso faz questão de dizer que gosta da palavra esperança e salienta que os brasileiros têm razão em pensar nela como símbolo para 2022 depois de quase dois anos depressivos, como ele mesmo define.

- A vontade de viver se mistura com o que seja esperança, na falta de um conceito melhor. Não brigaria com esta palavra. A pandemia transformou a vida em algo difícil. Foram dois anos em que perdemos pessoas, empregos, negócios, amores, vínculos, empobrecemos no sentido econômico e nos laços de situações que não vivemos, encontros que não tivemos e festas que não aconteceram. Então, quando não temos nada, nos agarramos nesta força vital chamada esperança - afirma Corso.

Mesma perspectiva tem o psicólogo Fernando Elias José, especialista em psicologia cognitivo-comportamental. Para ele, esperança traz estímulo e perspectiva à vida, mas não pode ser de forma passiva.

- A esperança é capaz, sim, de mover o ser humano. Mas o indivíduo precisa agir, sem ficar esperando acontecer - completa.

A marca do brasileiro é a esperança, resume Samantha Sittart, especialista em psicoterapia psicanalítica e membro do grupo de pesquisa Envelhecimento e Saúde Mental.

- Nesse finalzinho de ano, acompanhei uma fala recorrente dos pacientes "espero que em breve possamos nos ver de novo sem as máscaras! Não vejo a hora!". Isso já demonstra um sopro de esperança de dias melhores, de um amanhã que possamos vislumbrar a nossa maior riqueza que é a nossa liberdade - argumenta.

Tanto Corso quanto Samantha fazem questão de alertar sobre a importância de se ter esperança, mas sem viver apenas de planos e promessas.

- A esperança não é enganosa. Enganoso é o discurso que se usa disfarçado de esperança para construir uma promessa - destaca Corso.

- Precisamos nos responsabilizar por nossas atitudes e não apenas terceirizar ao outro, ao próximo, ao adversário político, a Deus e ao Universo. Precisamos ser pessoas responsáveis por nossas atitudes - completa Samantha.

Questionados sobre qual palavra gostariam de destacar para 2022, Corso foi o único a citar esperança. Dunker e Tombini reforçaram esperançar. O psiquiatra gaúcho ainda citou saúde, principalmente relacionada à busca pela saúde mental. Elias José escolheu fé, não ligada à religião, mas sugerindo que as pessoas voltem a acreditar na vida de uma forma geral. E Samantha lembrou de amor, defendendo ser este o ponto de partida para nos tornarmos pessoas mais respeitosas e tolerantes às diferenças: amar a si mesmo para amar o próximo.

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