Professor, médico, bombeiro, policial e agricultor, por que são líderes na percepção popular?
Realizamos na Escola Superior de Propaganda e Marketing, junto com a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), uma pesquisa nos grandes centros urbanos brasileiros, apresentada neste mês, e dentre os estudos investigados queríamos saber quais eram as atividades consideradas vitais para a vida do cidadão. Uma relação de profissões eram apresentadas aos pesquisados, e as cinco mais importantes são exatamente essas: Professor, Médico, Bombeiro, Policial e Agricultor.
Interessante observar que não se trata de nenhuma dessas atividades “glamourosas”, fashion, e muito menos que estejam nos estudos dos radares sobre as profissões do futuro. Mas, na voz do povo, na média de todas as classes sociais, níveis educacionais, homens e mulheres, faixas etárias, aí aparecem essas cinco e fundamentais atividades humanas.
Saúde, Educação, Alimento, Segurança e Salvamento. Fica a reflexão para os nossos “cabeças de líderes”, será o futuro das profissões algo tão distante assim das essências e fundamentos básicos ou, ao contrário? O que muda é o entorno, processos, mecatrônicas, interatividades, nuvens, fumaças, poeiras e “borrifos”; mas a base, o “core”, o núcleo duro continua e continuará sendo feito por gente que acima de tudo “pega na massa” e sabe fazer.
Médicos não viverão se não souberem intervir fisicamente, com robótica, sensores ou satélites, precisarão intervir. Agricultores não farão se não continuarem trabalhando de sol a sol e agora de lua a lua, pois a tecnologia numa fazenda não para de crescer, a cada instante. Professores, ah os benditos professores e professoras, sem a educação continuada, sem a formação e sem a provocação de descoberta de talentos não haverá competitividade campeã, e muito menos a cooperação sagrada para que alguém ou alguma coisa possa ser chamada de “campeã”. E as novas tecnologias da educação? Simplesmente vãs tecnologias, que exigirão cada vez mais neurônios vivos e inteligentes nas suas criações e distribuições pedagógicas.
Policiais? Esses então entrando com a própria vida na questão da volúpia do crime em si, num planeta que cresce a proporção de quatro novos nascimentos por segundo, e onde “bem e mal” continuarão embates “ad eternum”, como nas fábulas e sagas de Tolkien de Senhor dos Anéis e Hobbits. E ainda existe a “emergência”, o surpreendente, o salvamento, as catástrofes, os incêndios, enchentes e o descontrole dos acidentes que se sofisticam à medida em que mais aspectos descobrimos sobre suas prevenções.
Bombeiros, entrando com suas vidas na profissão, para a defesa na incertitude das leis do acaso, vistos e tidos como autênticos heróis do imprevisível, através do domínio das probabilidades. Pergunto, você já conversou com seu filho sobre as profissões? Algum deles disse querer ser agricultor, médico, bombeiro, professor ou policial? Talvez médico sim, agricultor meio difícil não? Mas policial, professor e bombeiro…sei não se o seu “teen filho” chegou um dia a cogitar? Ele talvez não, mas e você? O que está por trás da elevada percepção de dependência da sociedade sobre essas atividades e por que são líderes na percepção popular?
Fundamentalidade, necessidade concreta, voz legítima da maioria popular. Como estão os salários dos professores, policiais, bombeiros, médicos da base da pirâmide e riscos e ganhos dos micros, pequenos e médios agricultores do Brasil e do mundo? Baixos, inadequados, profissões e negócios de risco, e com a certeza de jamais aparecerem nas capas do “hall da fama”, ou nas letras “imbecilizadas” de 99% dos funks (existem raras exceções), e de nunca terem o prestígio de MC’s (music commanders), nos bailes constantes e permanentes do show da vida.
Quem são os seus heróis e quem são os líderes dessas cinco categorias avaliadas como vitais para a vida das pessoas? Coisas a investigar. Agora quer saber qual a atividade considerada como “nada importante”? Adivinha? Políticos. Esses tendem à extinção, como categoria profissional claro, e não a política em si, pois essa é da raça humana.