09
de maio de 2013 | N° 17427
PAULO
SANT’ANA
O leitinho das
crianças
O ministro
da Saúde esteve ontem, por ordem da presidenta Dilma, inspecionando o Grupo
Hospitalar Conceição.
Foi
esta coluna que em primeira mão nacional noticiou que havia um surto bacteriano
de infecção hospitalar no Conceição.
Mais
uma desta coluna.
Pois
eu não sabia que, imaginando estar tomando leite puro, estava em realidade
tomando leite que contém ureia, formol, água e sal.
Isto
mesmo: o Ministério Público gaúcho desbaratou uma quadrilha que misturava ao
leite ureia, formol, água e sal (o efeito UFAS), com o que adicionava essa
mistura em cerca de 10% de todo o leite, o que quer dizer uma fortuna colossal
que ganhavam os salafrários com essa manobra escusa.
E eu
e a população imaginando que tomávamos leite puro!
O
formol é cancerígeno, disseram em torno das investigações. E a água que a
quadrilha adicionava ao leite não era potável. Isso é um crime contra a saúde e
o bolso da população.
Com
o que então é preciso que o Ministério Público intervenha nessa tramoia para
que o nosso bolso e a nossa saúde sejam protegidos?
Eu
já tinha escrito que foi preciso o Ministério Público intervir nessa fraude,
quando o certo seria que os órgãos governamentais que fiscalizam a legitimidade
dos produtos alimentícios tivessem antes constatado a adulteração. Pois eu ia
cometer uma injustiça com o Ministério da Agricultura, foi a agência local dele
que sugeriu ao Ministério Público que investigasse a tramoia, fiquei mais tarde
sabendo isso pela Rádio Gaúcha.
Eu
posso me incluir na população gaúcha, tomo leite, tomo sucos, tomo cerveja e
refrigerante com tranquilidade, crente de que estou com a saúde protegida pelos
órgãos governamentais. Graças a Deus que eles localizaram essa imensa fraude.
E
ontem foi divulgado que durante os últimos 12 meses foram adulterados 100 milhões
de litros de leite.
Por
isso é que há meses venho sentindo um gosto estranho no leite que bebo, vai ver
é o formol, vai ver é a ureia!
Acontece
que entre a vaca e mim existem muitas instâncias criminosas. E elas agem na
clandestinidade como agiram as mineradoras ao roubar as areais do Rio Jacuí.
E
vão enriquecendo à custa da nossa saúde. Grande parte dos meus problemas de
saúde, só agora o vejo, são dessas misturas que adicionam criminosamente aos
produtos puros e genuínos.
E eu
acusava as vacas pelo gosto estranho que sentia no leite. Coitadas das vacas,
não tinham nenhuma culpa, como sempre a culpa era dos homens cafajestes.
Eu
só não entendo como é que o dono do caminhão que transporta o leite do produtor
para a empresa que o empacota, dono do caminhão este que é quem se diz que faz
a mistura bandida, como é que ele entrega o leite na empresa que o empacota e
comercializa e lá nessa empresa não se examina a genuinidade desse leite?
Será
que as empacotadoras, estas que vendem o leite para os supermercados, não têm
mecanismos para examinar o leite e verificar sua legitimidade? Como é que é
isso? Será que essas marcas não tinham a obrigação de examinar o leite, elas
que necessitam basicamente de reputação junto aos consumidores?
Pode
alguém me explicar isso? Estou atônito. E o pior de tudo é que ouço vozes
oficiais murmurarem aos radialistas que “não há motivo para pânico”.
Quero
dizer que, depois de ouvir agentes do Ministério Público nas rádios ontem,
depois de ouvir dirigentes de sindicatos correlatos à produção e distribuição
de leite ontem, depois de ouvir autoridades ligadas ao setor de saúde pública
em duas horas que gastei ouvindo rádio ontem, não adianta virem insinuar que
não há motivo para pânico.
Porque
eu estou em pânico!
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