08
de maio de 2013 | N° 17426
PAULO
SANTANA
Culpado ou
inocente?
Li
com muita atenção a entrevista de duas páginas que Luiz Fernando Záchia
concedeu a Zero Hora ontem.
Ele
foi preso durante cinco dias e já está solto pela Polícia Federal. Minha
pergunta que não pode calar: e se esse homem for inocente? Outra pergunta cuja
resposta pode ter consequências ainda mais catastróficas: e se ele for
absolvido?
Nesse
caso, quem devolverá a ele a honra perdida durante a cruel execração popular?
Quem
devolverá a ele sua reputação, seu emprego, sua carreira, a vergonha por que
passou sua família? Se ele for considerado culpado, se por acaso for condenado,
tudo bem. Nessa hipótese, ele terá merecido a execração.
Mas,
nesta fase do inquérito, é-me lícito cogitar da hipótese de sua inocência.
Ele
não terá a mínima condição, se for declarado inocente, de resgatar a humilhação
constrangida e silenciosa de ter sido recolhido a uma cela do Presídio Central.
E
agora que passou como detento no Presídio Central, Záchia declarou na
entrevista para ZH que se arrepende de na presidência da Assembleia Legislativa
ter “feito muito pouco pela questão prisional”.
Por
isso que há 43 anos, os meus leitores são testemunhas, me debato como
jornalista pela questão. E meus apelos nunca foram ouvidos pelos homens
públicos, entre eles o Záchia, que agora tem a dignidade de confessar que
desprezou a questão prisional, quando muito por ela poderia ter realizado.
Pois
quero dizer que, como jornalista, nunca me arrependerei por esse pecado, pois
não o tive. Sempre combati valentemente pela questão prisional, acarretando-me
isso alguma impopularidade.
Desse
monstruoso pecado, não prestarei contas no Juízo Final, quando acredito que
quem presidir a solenidade do ajuste de contas definitivo com o Senhor vai
perguntar-nos: “O que fizeste como deputado, governador ou jornalista em favor
da questão prisional?”.
Nesse
momento estufarei meu peito e declararei: “Tudo, durante 43 anos!”.
Mas
e a questão de se Luiz Fernando Záchia vier a ser absolvido? Tudo se deve a um
preconceito arraigado na nossa sociedade: nós julgamos quem vai para o presídio
não só como culpado, mas como merecedor até de maus-tratos e tortura.
Se
foi recolhido ao presídio, pensa a nossa trêfega sociedade, não só é culpado,
mas tem de sofrer. E não é bem assim, nem num caso, nem no outro. Porque
existem inocentes recolhidos aos presídios e nem os culpados têm de ser
maltratados.
Mas,
enfim, é a nossa sociedade que decide. E como decide mal!
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