sexta-feira, 8 de março de 2013



08 de março de 2013 | N° 17365
DAVID COIMBRA

O que o homem busca na mulher

Há algo que busco nas mulheres, e que todos os homens buscam, mesmo que não saibam. É um sentimento que as exalta.

Não, não me refiro ao desejo carnal, embora, claro, uma mulher possa ser objeto de desejo, e isso não a diminui; ao contrário, também a exalta.

É lindo ver uma mulher exercendo o seu fascínio sobre os homens. Queria ter testemunhado os momentos em que Cleópatra enfeitiçou os dois estadistas mais poderosos do seu tempo, dando um filho a um e a morte a outro; ou a dança de uma Salomé, tão sedutora, que valia a cabeça de um santo; ou até as orgias da loira Messalina, que à noite metia-se debaixo de uma peruca morena e ia se oferecer por poucos sestércios sobre um tamborete na Suburra, o bairro do pecado de Roma.

Mas não são os poderes do sexo que mais elevam a mulher para os homens. Tampouco é a atualmente tão celebrada capacidade que a mulher tem de ser múltipla – mãe, esposa, profissional, aquela conversa de comercial de TV.

E, ainda que as valorizem, os homens não distinguem em especial as sólidas mulheres que conquistaram o poder, uma Dilma, uma Angela Merkel, uma Tatcher, ou uma das antigas soberanas, como Elizabeth I, que se proclamava a Rainha Virgem não porque não levasse homens para a cama, mas porque os quisesse longe do trono.

Não.

O sentimento que define a mulher é a compaixão. É o sentimento estrutural da maternidade. Não que a mulher precise ser mãe para sentir compaixão. Não precisa ter sido mãe, nem nunca ter sido tocada por homem, não precisa sequer ser mulher ainda, pode ser uma menina, em qualquer caso, o que um homem anseia que uma mulher tenha a lhe cimentar a alma é a compaixão.

Um pai pode inspirar coragem, pode dizer qual é a verdade da vida; a mãe, o que se espera dela é o consolo, e o consolo é mais importante do que a verdade da vida. Não é por outra razão que o soldado agonizante no campo de batalha grita pela mãe.

A mãe é a Pietà que Michelangelo eternizou no mármore mole de Carrara, é a Lacrimosa que Mozart eternizou nas cordas dos violinos e das gargantas dos corais de Viena. É a compaixão. O que eu quero, o que todo homem quer de uma mulher, é compaixão.

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