07
de março de 2013 | N° 17364
PAULO
SANT’ANA
A pena é do Estado
Insisto:
o argumento de que com administração pública dos presídios o Estado paga mais
barato por cada presidiário do que o seria com a administração privada é risível.
Transmite
a ideia nítida de que assim como está é o que tem de ser. Barato, mas com caos.
Eu não
quero saber quanto custa. O que quero é preso trabalhando e estudando nos presídios.
O que preconizo é que a tuberculose e a aids nos presídios sejam reduzidas a
quase zero.
O
que quero é presídios sem ratos e sem esgotos a teto aberto.
O
que quero é ver presídios onde não ocorram mais assassinatos nem tortura entre
presos.
E é evidente
que tais presídios ideais (privados) têm de custar mais caro que a precariedade
alarmante dos presídios de hoje sob administração pública.
Outra
falácia que se espalhou por aí numa burrice espantosa: que a pena que sofre um
presidiário tem de ser administrada diretamente pelo Estado, ele é o titular da
apenação, ele é que tem de cuidar dela.
Quando
um presídio é administrado pela índole privada, não foge à administração da
pena pelo Estado. O Estado apenas entrega, não a administração da pena, mas a
administração do apenado a uma empresa privada.
Quem
vai administrar a pena no presídio sob administração privada continuará sendo a
Vara de Execuções Criminais com a ajuda prestimosa e indispensável do Ministério
Público.
Ora,
bolas! Falácia pura a tese contrária corrente. Parem de aplicar este cachorro.
Gozado
é que o Estado não se furta a entregar as estradas ao pedagiamento privado.
E se
vale do auxílio fundamental de multidões de seguranças privados que o ajudam a
policiar desde os bancos até, muitas vezes, repartições públicas, assim como as
residências e todo o resto do funcionamento civilizatório.
O número
de seguranças privados no Brasil já ultrapassou há muito o número de policiais
civis e militares.
Por
que, então, se pejar de entregar a administração dos presídios à área privada?
E
com uma vantagem: o Estado não tem controle direto das organizações de segurança
privadas que atuam em nosso cotidiano, enquanto terá controle direto sobre a
atuação das empresas privadas que forem administrar os presídios.
Ou
seja, se a empresa privada que for administrar um presídio não estiver se
conduzindo bem, o Estado a corrigirá ou a demitirá.
Enquanto
hoje ninguém tem sido corrigido na esfera pública, muito menos demitido, por
falhas nas administrações dos presídios.
Isso
me parece de uma clareza meridiana, a tal ponto que lastimo ter de estar usando
meus neurônios para ajudar a elucidar essa importante e primacial, assim como lógica,
questão.
O óbvio
não necessitaria ser explicado.
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