01
de novembro de 2012 | N° 17240
RIO
GRANDE DO SIM
Hora de parar de dizer não
Em
congresso, entidades gaúchas lançam campanha em busca de convergência de ideias
para recuperar posições perdidas
Característica
marcante dos gaúchos, que remonta ainda à disputa entre chimangos e maragatos,
a tendência à polarização de posições pode ter na origem a busca de avanços
econômicos e sociais para o Estado, mas seus efeitos têm sido mais prejudiciais
do que benéficos. A campanha Rio Grande do Sim, lançada ontem por empresários,
gestores e profissionais de marketing, pretende motivar a mudança de
comportamento em torno de ideais comuns.
A
convocação a parar de dizer “não” a tudo, apresentada durante o 21º Congresso
de Marketing ADVB/RS, é impulsionada pela necessidade de o Estado de retomar
posições em indicadores básicos, como educação, saúde e economia. A ideia é aproveitar
o ambiente favorável no cenário nacional para se unir em torno de um consenso: o
do desenvolvimento.
– Valorizamos
tanto o “ter posição” que, às vezes, deixamos o conflito ser mais importante do
que a unidade que constrói. Não podemos mais pensar para dentro – disse o
presidente da ADVB, Telmo Costa, durante evento realizado no Teatro do Bourbon
Country, na Capital.
Diante
de uma plateia de quase mil pessoas, Ricardo Vontobel, presidente da Vonpar – grupo
gaúcho que distribui Coca-Cola –, criticou o comportamento excessivamente
bairrista que, por vezes, limita a adoção de reformas.
– Essa
é uma realidade criada pelos próprios gaúchos. Não podemos pensar que somos os
melhores. A Coca-Cola não é gaúcha. É preciso que façamos uma autocrítica – disse
Vontobel, acrescentando que as estratégias de marketing passam pelo
reconhecimento das fraquezas.
Entre
oportunidades perdidas e sintomas de retomada
Patrono
do congresso, Nelson Sirotsky, presidente do Conselho de Administração do Grupo
RBS, traçou um comparativo entre indicadores em que o Estado tem perdido posições
– como participação no PIB e desempenho da educação – e fatores positivos – como
crescimento do polo naval e outros setores produtivos gaúchos.
– Precisamos
abraçar uma causa maior, que não é a defesa de um ponto ou outro, mas de um
desenvolvimento sustentado do Estado – disse Sirotsky, convocando todos a
contribuir de forma efetiva.
Como
exemplo da cultura de conflito alimentada historicamente, os palestrantes
lembraram de oportunidades desperdiçadas pela incapacidade de líderes gaúchos
superarem divergências pontuais.
– Deixamos
de receber a Copa das Confederações porque não nos unimos em torno de um propósito
coletivo. Não podemos ver no conflito a solução para nossos problemas – afirmou
Fábio Bernardi, presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP).
O
comportamento dos gaúchos foi comparado com as atitudes dos baianos pelo
presidente da DM9 São Paulo, Sérgio Valente.
– O
baiano tem um jeito positivo de olhar o seu Estado, e qualquer rivalidade que
exista, seja no futebol ou no Carnaval, acaba quando se unem em torno de um
propósito coletivo – comentou Valente.
O
congresso, com a participação de 24 palestrantes, também comemorou os 50 anos
de criação da seção gaúcha da ADVB.
joana.colussi@zerohora.com.br
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