01
de junho de 2015 | N° 18180
MARCELO
CARNEIRO DA CUNHA
GRACE AND FRANKIE
Nos últimos
dias foi difícil desgrudar a minha sogrona do sofazão onde ela se jogou para
nunca mais sair. Acontece, caros leitores, que sogrona agora é high- tech e, em
visita a São Paulo e ao netinho de três anos, descobriu como operar a Netflix
por conta própria, com ajuda do netinho. No embalo, encontrou a nova série
Grace and Frankie e gamou.
Para
quem ainda não sabe, esse é o seriado em que Jane Fonda e Lily Tomlin descobrem
que os maridos não apenas as traem, mas as traem um com o outro.
Grace
and Frankie oscila entre uma comédia rasgada e o drama sem solução de duas
mulheres que se percebem em um estágio da vida um tanto tardio para as mudanças
que precisam enfrentar. Mulheres na fase em que elas se encontram estão talvez
se preparando para a viuvez, não para uma solteirice provocada pela descoberta
de que seus maridos são gays e que tardiamente resolvem assumir sua verdade.
A
solução é se unirem, depois de uma vida inteira se detestando. Daí a comédia,
daí o drama.
O
que existe de melhor em Grace and Frankie talvez sejam Jane e Lily, duas
atrizes boas demais para serem colocadas em qualquer tipo de categoria. Elas são,
acima de tudo, humanas demais para a comédia ou a tragédia. Já os homens,
Martin Sheen e Sam Waterston, estão na condição muito mais fácil de serem
apenas dois homens que resolvem ser o que querem ser, por não terem muito mesmo
a perder, e um resto de vida para aproveitar.
Grace
e Frankie precisam aprender o mesmo truque, sem serem gays ou apaixonadas uma
pela outra. Solução é o que eles têm, ou conquistaram. A delas, precisa ser
construída, e esse é charme e a tristeza de Grace and Frankie. Pode ser tarde
demais, e isso, caros leitores, costuma ter muito mais final do que solução.
Fica
a dica, e vamos em frente.
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