sábado, 13 de junho de 2015



13 de junho de 2015 | N° 18192
ARTIGO - LEONARDO MÜLLER

MEIA-BOCA

Domingo, eu saí de Taquara e vim para Porto Alegre, de ônibus, pela RS-020. A ponte que passa por cima do Rio do Sinos só recebe o movimento de veículos de um lado por vez. Uma sinaleira foi colocada na rodovia para controlar o trânsito. Isso porque o rio encheu muito durante uma chuvarada em 2013, danificou a estrutura. Sem verba disponível para reforma, a solução do Daer foi: meia pista, meia-boca. Resultado, congestionamento na via.

Chego em casa, entro no quarto e da rua vem um barulho de briga, xingamentos e porradas. Boa parte da vizinhança abriu as janelas para ver o que acontecia, fiz o mesmo. Quando olho para baixo, na rua mal- iluminada, vejo dois homens surrando um outro. O que apanhava tinha tentado furtar o som do veículo que havia sido estacionado por eles minutos atrás. 

Todos que estavam vendo a surra das sacadas gritavam para que parassem com a tentativa de fazer justiça com as próprias mãos. O bandido fugiu e a polícia, que anda ausente aqui no bairro, chegou quando tudo terminou. Como disse minha vizinha do lado, nossa rua tá bem “meia-boca”. Veio daí a inspiração para escrever este texto.

Segunda, vou à agência do Banrisul na Avenida Venâncio Aires. Uma fila enorme para sacar dinheiro. O banco tem no saguão espaço disponível para quatro caixas eletrônicos, os lugares estão montados, mas apenas dois estão instalados. Serviço meia-boca.

Pra fechar, fui ao supermercado. Adivinha? Com a inflação lá em cima, minha lista de compras ficou pela metade.

Se um dia a gente usufruiu por inteiro, a ponte, a segurança, os caixas eletrônicos, a lista do mercado, tem que voltar a ser assim. Menos com mais, como pregam os governos federal e estadual no discurso de corte de despesas em áreas essenciais, é transformar a nossa vida em meia-boca.

Apresentador e repórter da TVCOM leonardo.muller@tvcom.com.br

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