29 de junho de 2015 | N° 18209
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
Onde vivem os detetives
A figura do detetive capaz de tudo para chegar à solução de
um crime foi elevada ao estado da arte por nomes como Dashiell Hammett e
Raymond Chandler, os grandes da literatura chamada de noir, em referência ao
clima sombrio das narrativas e seus personagens surgidos na Grande Depressão.
Saindo dos livros, pulularam os filmes de detetive, que logo
saltaram para o ambiente caseiro da televisão. Lembra-se de Columbo, Kojak, CSI
e por aí vamos? Pois é.
E True Detective surgiu como narrativa detetivesca ao mesmo
tempo das boas e diferente. O que consumia os dois detetives da primeira
temporada, incorporados pelos ótimos atores Woody Harrelson e Matthew
McConaughey, era, tanto quanto o crime que os unia, um ao outro. Essa tensão
tornou a série interessante e uma mania no ano passado, e nos traz a ela com
força nesta segunda temporada.
Se você começou a ver True Detective 2, por essas horas deve
estar se perguntando se 2 vai ser melhor, igual ou menor que 1, não é mesmo? E
esse é o drama de séries que arrebentam na primeira temporada, naturalmente. Como
dar conta do desejo que os espectadores sentem por algo que precisa ser ao
mesmo tempo suficientemente igual e suficientemente diferente?
Eu diria que ainda não dá para se dizer muito, mas 2 parece
ser, no mínimo, suficientemente outra coisa para valer a pena. Em termos de
atores, acho que 1 é maior que 2, mas atores não são tudo na vida. True
Detective é, no fim do dia, não uma história sobre atores, mas sobre detetives
e o que os move. Na temporada 1, a
força motriz era o ódio.
Nessa segunda, ainda não sabemos, vamos ver. No fundo,
é o que eu recomendo a vocês todos. Antes de achar, vamos ver. Algo me diz que
vai valer a pena, mas, caros Watsons, posso estar, muy simplesmente, errado.
Por ora, vamos em frente.
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