sexta-feira, 12 de junho de 2015



12 de junho de 2015 | N° 18191
DAVID COIMBRA

Ah, o amor

Na pequena cidade paulista de Suzano, vive uma jovem chamada Stefanie, e seu sonho era encontrar um namorado chamado Stephano.

Lidamos, aqui, com história verídica, e julguei que seria bonito publicá-la no Dia dos Namorados. O Dia dos Namorados é um dia bonito.

Mas, antes de prosseguir com a história e dizer o que quero dizer com ela, preciso sublinhar a competência dos pais de Stefanie ao batizá-la. Ela se afeiçoou tanto do nome que lhe escolheram que ansiava tê-lo em duplicata.

Será que os pais, ao darem nome ao filho, dão também um sinal ao Destino? Todos os nomes, de fato, significam algo, mas alguns homens foram tão fortes, que transformaram seus nomes, de substantivos, em adjetivos. Ou até em títulos.

Neste setor, ninguém bate Júlio César. O nome do mês vindouro é julho por causa dele, Júlio. E césar virou sinônimo de imperador, mesmo que Júlio César tenha sido assassinado porque pretendia ser um. De césar, inclusive, vieram o kaiser alemão e o czar russo. Ou seja: César não foi rei, mas os reis foram césares.

César também gerou a “cesariana”, operação pela qual ele viu a luz do mundo. Há quem diga que o nome da cirurgia deve-se a outro césar, Nero, porque ele mandou abrir a barriga da própria mãe, a bela e solerte Agripina, mas acho que não. Acho que foi devido ao césar César.

O sucessor de César, esse sim o primeiro césar, tentou igualar-se a ele: agosto é assim chamado porque Augusto não queria ficar atrás de Júlio. E como o julho do Júlio tinha, e tem ainda, 31 dias, Augusto roubou um dia de fevereiro, que já possuía pouco e ficou com menos ainda, e o aparafusou no seu agosto. Assim, fevereiro, um mês tão simpático, que estava quieto lá no começo do ano, acabou ficando tão tristemente curto. Chato. Eu, às vezes, quando estou em agosto, olho para um dia e digo: esse era para ser fevereiro.

Outro nome de césar que virou adjetivo foi Cláudio. Ele puxava de uma perna, e assim surgiu a elegante palavra “claudicante”, muito usada pelo Leonardo Oliveira quando vai descrever um jogador que sai de campo lesionado. “Danlaba Mendy foi claudicando para o vestiário”.

Já o general Crasso, que havia sido colega de César num triunvirato, decidiu reunir as legiões para atacar os partos, ferozes e irredutíveis inimigos dos romanos. Mas planejou mal e executou pior ainda, perdeu a batalha, perdeu a vida, e só o que ganhou foi a fama de ter cometido um “erro crasso”, coisa que tem sido feita com preocupante frequência pela direção do Grêmio.

Devemos muito aos romanos. Mas não Stefanie, que Stephanie é nome anglo-saxão. E então voltamos à nossa cara Stefanie de Suzano, que desejava fazer par com um Stephano e saiu a procurá-lo no local adequado: a internet.


Stefanie anunciou “nas redes” que estava em busca de um Stephano, e nas redes ele caiu em um só dia: um Stephano se apresentou, eles se conheceram primeiro virtualmente, depois pessoalmente, gostaram não apenas dos nomes um do outro, mas de seus corações, mentes e corpos, namoraram, foram morar juntos e agora terão um filho. Não é admirável? Claro que é, mas me alonguei ao contar a história e não sobrou espaço para o raciocínio que havia tecido a respeito dela. Terei de fazer isso amanhã, quando, aí sim, falarei... de amor.

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