sábado, 20 de junho de 2015



20 de junho de 2015 | N° 18200
NILSON SOUZA

CRER PARA VER

Sou cético de carteirinha em relação a temas sobrenaturais, mas acompanhei com atenção o noticiário em torno do Fórum Mundial de Contatados, que se realizou recentemente em Porto Alegre. O encontro reuniu pessoas que garantem ter visto seres extraterrestres ou mesmo dado uma volta nos seus discos voadores. Nenhum dos abduzidos, porém, apresentou sequer uma foto de celular para comprovar a presença dos alienígenas em nosso mundo – o que, convenhamos, é um tanto estranho nestes tempos em que tudo é filmado e fotografado.

Ainda assim, os depoentes foram tratados com respeito e ouvidos com interesse, tanto pela plateia quanto pela imprensa. Em outros tempos, seriam ridicularizados. Agora, não. Estamos todos vacinados pelo politicamente correto e ressabiados pelas repercussões nas redes sociais. Além disso, quem tem coragem de chamar alguém de lunático depois que a psicologia comprovou que, de perto, ninguém é normal?

Os avanços científicos também contribuem para esta visão menos crítica das coisas do outro mundo. A própria Lua perdeu a sua aura misteriosa depois que o homem andou por lá. Todos sabemos que naves e sondas terráqueas andam circulando pela galáxia. Nesta semana mesmo, foi noticiado que aquela geringonça que pegou carona num cometa acordou e começou a mandar mensagens da sua pedra ambulante, diretamente para a Nasa. Diante desta realidade e da certeza da imensidão do universo, como duvidar da existência de vida inteligente em outro lugar que não seja este dilapidado planeta?

Os ETs podem, sim, existir. Afirmar que já estão entre nós ou mesmo que se apresentaram para alguns escolhidos é que me parece um tanto fantasioso, pois nisso – na arte de fantasiar – somos realmente bons. O cérebro humano, como o universo, ainda tem muito espaço inexplorado, de onde talvez venham esses homenzinhos verdes, avistamentos e abduções que temos dificuldade para comprovar.

Na maioria dos casos, não há má-fé. Os contatados acreditam mesmo que viram alienígenas e se envolveram em situações inusitadas, assim como tantos videntes do passado registraram aparições divinas e conversas com personagens santificadas. Nesse sentido, a ufologia guarda certa semelhança com a religião – quem crê, vê.


Já quem segue São Tomé – os céticos de carteirinha – pelo menos vive com a perspectiva de ser surpreendido.

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