22 de junho de 2015 | N° 18202
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA
LARANJA É A COR DA ESTAÇÃO
E desde o último dia 14 podemos afirmar que personagem de
Game of Thrones não tem estabilidade no emprego meeesmo. Choraram muito, caros
leitores? Pelo tadinho do [SPOILER]? Pela tadinha da [SPOILER]? É, o episódio
final não foi para os de coração fraco, e sobre isto falaremos mais adiante,
com a alma mais em ordem.
E voltou o festival de estrógeno também conhecido como
Orange Is the New Black, talvez a mais feminina – no sentido do foco em histórias
de mulheres – série até agora.
A minha impressão (e não vi todos os episódios gentilmente
colocados à nossa disposição pela Netflix por não ser um binge watcher natural)
é de uma temporada que se ressente da força e da pegada das duas primeiras, e
que não sabe se vai de mais do mesmo ou se inova. Até agora, não foi nem mais
do mesmo nem inovação, e o retorno da malvada Alex Vause não ajuda.
Uma amiga documentarista me falou que as mulheres presas
vivem uma grande diferença em relação aos homens presos: os homens não são
abandonados por suas mulheres, que seguem visitando e esperando. As mulheres são
deixadas lá dentro pelos seus homens, o que não depõe nada a nosso favor
enquanto classe. Feio, não é?
Em um dos episódios, a prisão passa pelo doloroso Dia das Mães,
com as detentas tendo de lidar com a vinda, ou não, dos filhos. Orange Is the
New Black tem lá o seu registro cômico, mas quando fala sério, é de doer.
Piper, nossa heroína, desistiu de ser o que era e virou uma
prisioneira, buscando lá dentro as soluções temporárias que a mantenham viva. Já
a (droga) heroína invade a prisão pelas mãos sempre dispostas à confusão da ex-debutante
nova-iorquina e complicada profissional Nicky. Com a mãe que ela tem,
surpreende que não tenha virado assaltante de bancos.
E esse é o tom da temporada, ou o que mostra de melhor no
seu começo, deslizando pelo passado de cada uma e nos mostrando como chegaram
até ali. A vida é um amontoado de buracos sob a aparência de um caminho
lisinho, é o que aprendemos. Basta um descuido, ou um passo em falso, e pimba,
lá vamos nós mundo abaixo.
E nada mais baixo do que uma prisão, seja ela maltrapilha
como uma das nossas, ou industrial e sem alma, como as deles.
Não importa o que aconteça, não sejam presos, caros amigos. Essa
parece ser a única e maior lição de Orange Is the New Black, que nem parece
estar realmente querendo nos passar qualquer lição.
Fica a dica.
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