Jaime Cimenti
O Clube dos Editores e o Negócio do Livro
Sexta-feira passada, convidado pelo Clube dos Editores do Rio Grande do Sul, tive a ótima oportunidade de participar do VII Seminário O Negócio do Livro, no Instituto Goethe, durante todo o dia. Nível altíssimo de expositores e de temas abordados e excelente recepção de Jerônimo Braga e Clô Barcellos proporcionaram a todos os presentes uma série de lições interessantes e informações úteis que não serão esquecidas.
De início, o editor gaúcho Celso Kiperman contou sobre a trajetória da histórica Artmed, fundada por seu pai Henrique em 1973, e da história do Grupo A, do qual é presidente. Relatou como a editora passou a ser uma empresa de educação, associando-se a gigantes como a McGraw-Hill e trabalhando com tecnologia de informação e bibliotecas digitais, entre outros recursos. Kiperman ressaltou, no segmento, a compra recente do acervo editorial de educação da Editora Saraiva pela Editora Abril.
Elisa Ventura, da Livraria Blooks, do Rio de Janeiro e São Paulo, e Germano Weirich, da Livraria Arco da Velha, de Caxias do Sul, falaram sobre livrarias independentes e de como é possível movimentar pequenas livrarias com criatividade, energia e pessoalidade, mas de olho em bons resultados. Mostraram como cativar e encantar leitores, de modos os mais diversos, como, por exemplo, com bloco de carnaval.
Eduardo Cunha, da BookPartners, ressaltou o papel da informação e da tecnologia para a distribuição de livros, atividade que tem dificuldades no Brasil. Cunha cadastra cerca de 150 títulos novos por dia, conta com dezenas de funcionários e usa recursos modernos de informática para localização e manuseio dos livros de seu grande depósito.
Rejane Dias, editora do Grupo Autêntica, falou de sua longa experiência como editora, de erros e acertos, e de atividades com literatura infantojuvenil, policial, para adultos e outras. Relatou como lutou para deixar de lado preconceitos com obras mais ligadas ao entretenimento. Antes, preocupava-se mais com "literatura séria e classuda"; agora, tem uma visão mais pragmática.
Bruno Zolotar, gerente de marketing do Grupo Record, que comanda uma equipe de seis pessoas, relatou experiências do grupo e mostrou como o uso da informática e das redes sociais ganharam importância na divulgação de livros. Para ele, hoje autores e editoras devem estar em sintonia com o que rola na web e fazer uso preciso das ferramentas digitais.
Enfim, restaram do seminário, em síntese, lições sobre a importância da educação na área editorial, o toque pessoal nas livrarias independentes, o cuidado com tecnologia na área de distribuição, as idas e vindas de uma editora de vários selos e os modernos caminhos do marketing para editoras. O livro impresso parece resistir, a literatura de ficção, idem. As livrarias pequenas ainda têm espaço, mesmo que seja só para um café e, realmente, as redes sociais e a web são hoje caminhos notáveis e inevitáveis para escritores e livros, especialmente para os mais jovens.
a propósito...
A respeito desses livros para colorir, que surgiram na Europa e nos Estados Unidos, e onde homens também compram e pintam, ao contrário daqui, onde as compradoras são mulheres, pairam mistérios. Não se sabe por que surgiram, qual a explicação para o sucesso e muito menos por que as vendas estão declinando. Pois é, a vida dos livros é imprevisível como a vida das pessoas. Imprevisível como um jogo de futebol. É isso. Vai saber. Acho que nem Freud, se chamado no centro espírita, explica esse lance dos livros para colorir. Pensando bem, será que precisa de explicação? Vão colorir e pronto. Sem stress e indagações. Chega de perguntas.
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