24
de junho de 2015 | N° 18204
MOISÉS
MENDES
Empreiteiros
Marcelo
Odebrecht, o empreiteiro preso, é o líder da terceira geração da família no
comando da corporação de 70 anos. Pelo tom de alguns comentários sobre sua prisão,
a sensação é de que Marcelo desencaminhou os negócios dos Odebrecht, até então
alinhados com o que há de mais ético na pirâmide do capitalismo brasileiro.
O avô
e o pai prosperaram desde Getúlio. Faziam tudo certo. Mas aí Marcelo assumiu a
chefia da empresa. Dizem que era visto com Lula. Viajavam juntos, mesmo depois
de Lula ter deixado o governo. Marcelo também foi visto com Dilma. Em maio,
participou de um jantar em homenagem a Fernando Henrique Cardoso. Sentou-se ao
lado de FH.
Marcelo,
dizem, era visto em festas com príncipes árabes, quando alguns esperavam, quem
sabe, que tomasse chimarrão na Aberta dos Morros com seu Mércio. Foi dele a
ideia de tocar a construção do Porto de Mariel, em Cuba, e aproximar-se de
Fidel. Imagine como ficou a reputação do moço.
Era
amigo dos tucanos, depois ficou amigo dos petistas e ultimamente prestava serviços
ao comunismo. Tudo isso circula pela internet em notícias (ditas sérias), em e-mails
nem tanto e em blogs, faces e twitters.
Descobrimos
então que os Odebrecht vinham bem, até a segunda geração, mas aí Marcelo
degradou o grupo. Coincidiu com o que aconteceu com todas as outras
empreiteiras mancomunadas para dividir obras, superfaturar e assalariar os que
geriam seus interesses nos governos.
Os
empreiteiros se comportavam com integridade, desde a monarquia. Passaram por
Juscelino, Jango, ditadura, Sarney, Collor, Itamar e FH, e nada ameaçava sua
retidão, nem o Pedro Barusco.
Mas
aí, dizem, o petismo estragou tudo. O que os petistas fizeram com a alma das
empreiteiras? Que contágio se propagou? Como o petismo e o lulismo destruíram a
moral até então irretocável dos homens da Odebrecht, da OAS, da Andrade
Gutierrez, da Queiroz Galvão, da UTC e das suas irmãs?
Nunca
antes o cinismo brasileiro fez tantas perguntas. Essas são algumas. Como o
modelar capitalismo brasileiro das empreiteiras, de submissão à livre concorrência,
à lisura e à ética, foi corrompido de forma tão devastadora?
Que
praga bíblica provocou mudança tão profunda no comportamento dos nossos grandes
empreiteiros? Perguntas, perguntas, perguntas. E quem precisa de respostas?
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