16
de junho de 2015 | N° 18195
POLÍTICA
MAIS | Rosane de Oliveira
QUASE
COMO NA ASSEMBLEIA
Nomeados
pelo governador José Ivo Sartori para diretorias do Badesul após não
conseguirem se eleger, os ex-deputados estaduais Kalil Sehbe, Paulo Odone e
Mano Changes (que tentou vaga na Câmara) receberam, em maio, salário semelhante
ao que paga a Assembleia.
Os
três têm remuneração básica de R$ 10 mil, contam com reforço de R$ 10 mil pela
função de direção e receberam vantagens eventuais de R$ 3,3 mil. No total, os
vencimentos chegam a R$ 23,3 mil, R$ 2 mil a menos do que o subsídio de
deputado, de R$ 25,3 mil.
PELO
SALÁRIO, CEEE DEVERIA SER ILHA DE EXCELÊNCIA
Bendita
seja a transparência que permite aos clientes da CEEE saber quanto pagam de salários
e penduricalhos aos diretores e funcionários. Na lista que está disponível no
site da Transparência, os 10 maiores contracheques somaramR$ 644 mil em maio. O
número 1 em maio foi um engenheiro eletricista admitido em 1982 e que hoje
exerce cargo de diretor. Remuneração bruta: R$ 80.804 (líquido de R$ 61.306).
Não
que esse engenheiro ganhe R$ 80 mil todos os meses. O salário bruto é de R$ 35.120,87,
já incluída a gratificação de diretor, mas em maio ele recebeu ainda a antecipação
de férias e da metade do 13º salário, mais 1/3 de abono de férias, como
qualquer trabalhador tem direito, e 2/3 que os empregados da CEEE conquistaram
em convenção coletiva. Ou seja: quem trabalha na CEEE tem um salário extra para
gastar nas férias e ainda pode antecipar metade do 13º.
Mais
impressionante ainda é o desdobramento da remuneração de um economista
aposentado, ex-autárquico, que em maio recebeu R$ 60.045,46. Além do vencimento
de R$ 31.378,15, o ex-autárquico recebeu R$ 28.667,31 a título de “gratificação
após as férias”, um direito conquistado por decisão judicial e pago uma vez por
ano.
A
estatal tem um histórico de derrotas em ações trabalhistas que comprometeram
sua saúde financeira. O resultado foi contração de investimentos, com prejuízo
para os clientes e para o Estado. Hoje, corre o risco de perder a concessão
para a distribuição de energia, como revelou a jornalista Marta Sfredo, ontem,
em ZH.
Com
diretores ganhando salários tão atrativos, a CEEE deveria ser uma ilha de eficiência,
mas não é. Pelo contrário, está longe de ser um modelo de gestão. A maioria dos
marajás da CEEE é engenheiro, mas a folha de pagamento tem nutricionista com R$
38,2 mil, sociólogo com R$ 37 mil e jornalista com R$ 27 mil.
Para
conferir os salários pagos na CEEE ou em qualquer outra estatal é preciso
entrar no site www.transparencia.rs.gov.br e ir em “detalhamento nominal da
folha de pessoal”. O passo seguinte é acessar “detalhamento nominal da folha
das empresas públicas e de economia mista”, no pé da página. Feito isso, é só escolher
a estatal que quer consultar.
OS 10
MAI0RES PAGAMENTOS EM MAIO (EM R$)
Cargo
Bruto Líquido
Engenheiro
eletricista 80.804 61.306
Administrador
68.719 52.845
Engenheiro
eletricista 68.611 49.027
Engenheiro
químico 66.129 48.105
Engenheiro
eletricista 65.523 48.223
Engenheiro
eletricista 64.759 49.075
Engenheiro
eletricista 61.660 45.132
Economista
60.045 38.801
Engenheiro
eletricista 58.842 44.629
Engenheiro
eletricista 49.012 34.465
SE O
ESTADO DECIDIR REALIZAR UM PLEBISCITO PARA DISCUTIR A EVENTUAL PRIVATIZAÇÃO DA
CEEE, QUEM VAI DEFENDER OS SALÁRIOS DOS MARAJÁS?
NAS
MÃOS DO PREFEITO
Com
a desistência do vereador Márcio Bins Ely (PDT), o projeto que proíbe a
prefeitura de firmar contrato com doadores de campanha vai direto para a sanção
ou veto do prefeito José Fortunati.
Autor
da proposta, Marcelo Sgarbossa (PT) sustenta que o fato de a Câmara manter as
doações privadas não inviabiliza a proposta. O argumento é de que cabe aos
municípios legislar sobre critérios de contratação de fornecedores de produtos
e serviços.
Em
Pelotas, o prefeito Eduardo Leite (PSDB) vetou projeto semelhante alegando que
contraria o interesse público.
EM
BUSCA DE AGILIDADE
Com
enfoque na discussão sobre licenciamento ambiental, o governo reuniu ontem o
secretariado na sede da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema).
O governador José Ivo Sartori pouco falou no encontro, que também contou com
palestra do economista Marcelo Portugal sobre a conjuntura econômica no Brasil
e as consequências para o RS.
Além
de fornecer subsídios aos secretários sobre a crise financeira, a reunião
serviu para que os titulares da pasta se informassem sobre o trabalho feito
para agilizar a concessão de licenças ambientais e alavancar investimentos. Após
o encontro de ontem, o governo inaugurou a sala de atendimento integrado na
sede da secretaria. O espaço pretende aproximar os empreendedores dos técnicos
e reduzir o tempo de espera para a concessão de licenças, cuja média, hoje, é de
909 dias.
– Tendo
um processo só, um check-list completo de tudo que o empreendedor tem de
entregar quando ele abre o processo, só isso já vai agilizar em muito o
andamento das licenças – explicou a secretária Ana Pellini (foto).
PASSE
LIVRE PARA DETENTOS
Os
deputados Catarina Paladini (PSB), Manuela D’Ávila (PC do B), Pedro Ruas (PSOL),
Miriam Marroni (PT) e Jeferson Fernandes (PT) encaminharam ontem projeto de lei
que tem como objetivo conceder passe livre para apenados do semiaberto, seus
filhos e cônjuges em ônibus intermunicipais.
O
texto concede o passe livre aos detentos do regime semiaberto que estejam
usufruindo do direito à saída temporária, e aos filhos e cônjuges que tenham
renda per capita inferior a 1,5 salário mínimo (receberiam duas passagens por mês).
Os parentes de presos do regime fechado também teriam direito ao benefício.
– Nossa
proposta tem o viés da ressocialização dos apenados – explica Catarina, que
preside a Comissão de Direitos Humanos.
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