02
de fevereiro de 2015 | N° 18061
CINTIA
MOSCOVICH
Quem deseja não é
feliz?
Releitura
do (já) clássico Quem Ama Não Mata, de 1982, com texto de Euclydes Marinho e
direção de Fernando Meirelles, Felizes para Sempre?, série da Globo/O2 filmes,
tem causado impacto com seus casais de personagens (e de atores) improváveis,
além de dialogar com a tradição cinematográfica.
Girando
em torno dos dramas (extra)conjugais dos três filhos da família Drummond, o
eixo que amarra as histórias é vivido pelo atarracado e baixinho Cláudio
(Enrique Diaz) e pela alta e esbelta Marília (Maria Fernanda Cândido), fato que
dá um ar mais verdadeiro e convincente à narrativa. Os dois contratam uma
garota de programa, Paolla Oliveira, que é linda, culta, melômana e que seduz
todo o elenco, quando então o desejo passa a ser sinônimo de desagregação.
Outro
casal a ponto de ter a vida desmantelada é Norma (Selma Egrei) e Dionísio
(Perfeito Fortuna), pais do clã, casados há 46 anos. Com problemas de ereção,
Dionísio reencontra um amor de juventude, que, dando uma volta a mais no
parafuso, pode devolver-lhe a potência. Mas o que causou alvoroço entre o
público feminino (principalmente nas mais taludas) vem sendo o assédio a Norma
por um jovem colega, também professor da faculdade de Sociologia, que desperta
nela uma desconcertante pulsão de desejo.
Fernando
Meirelles tem sido injustamente acusado de plágio devido a uma cena que explica
a falência da relação de Cláudio e Marília. Em forma de flashback, o casal faz
amor, enquanto o filho de quatro anos tenta pegar seu ursinho de pelúcia na
piscina. A narrativa segue em slow motion com foco ora no casal, ora na
criança, até o momento do clímax: os dois chegam ao final da relação e, ao
mesmo tempo, a criança cai na piscina.
Segundo
os internautas, a sequência seria “copiada” ou “plágio descarado” do prólogo de
O Anticristo, de Lars Von Trier. O que Meirelles faz é corriqueiro em todas as
modalidades artísticas: a menção a outra obra é prova de admiração, tida como
elogio maior. Não há nenhuma má intenção ou desonestidade. Há uma série que vai
marcar época na teledramaturgia nacional.
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