23
de fevereiro de 2015 | N° 18082
MARCELO
CARNEIRO DA CUNHA
The Walking Sad
Apocalipses
deixam as pessoas meio desanimadas, depois da adrenalina inicial, eu imagino.
Olhar para o sol que se põe e se perguntar de onde virá a próxima refeição
remove boa parte do romantismo de um belo entardecer.
Pois
é nesse estado de coisas que The Walking Dead retornou para a segunda parte da
sua quinta temporada. Em uma tristeza danada, de fazer a gente sentir mais pena
dos nossos heróis do que daqueles zumbis todos. Quase.
No
século 14, a Peste
Negra liquidou com algo entre um terço e a metade da população da Europa. A
explosão de um vulcão em Sumatra, há uns 70 mil anos, teria praticamente
acabado com a população da Terra. O terrível terremoto de Lisboa, em 1755,
deixou todo mundo em dúvida quanto aos benefícios de sermos bons cristãos. The
Walking Dead não é diferente desses dramas reais, e ver aqueles humanos na tela
nos faz lembrar como é duro ir em frente, quando pela frente tudo é um muro.
Nessa
parte final de temporada, a série está mais triste, mais reflexiva, mais em
luto pelos muitos caras legais que se foram, vítimas de mordidas dos
mortos-vivos ou dos outros seres ainda vivos. The Walking Dead cativa por ser
uma experiência tão real, digamos. Ao assistir ao programa, a gente pode sentir
o que humanos sentiriam no dia em que a água acabasse para valer, o que
felizmente nunca vai acontecer – oh, wait!
Espero
que a temporada toda não seja igual aos dois primeiros episódios, porque
tristeza melhor ter fim. Já entendemos a mensagem, e agora queremos um pouco
mais de ação.
Lidamos
melhor com as tragédias quando temos coisas para fazer, mais do que para
pensar, eu acho. The Walking Dead é mesmo meio filosófica. Mas ela é uma série
de aventura, e é dela que precisamos para avançar rumo ao final – da série, ao
menos.
Uma
boa dose de tristeza, outra boa dose de aventura, e iremos em frente numa boa,
eu acho.
Até
lá, e vamos em frente.
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