02
de fevereiro de 2015 | N° 18061
ARTIGOS
- CLÁUDIO BRITO*
CERVEJA NO
FUTEBOL
Um
mal da Copa do Mundo foi a legislação oportunista e permissiva que o Brasil
produziu para ceder sua soberania à Fifa. E a cerveja voltou ao futebol. Disso
resulta o movimento em favor da liberação das bebidas alcoólicas para o consumo
dos torcedores durante os jogos. E, na mesma esteira, discute-se a retirada da
Brigada Militar. Não é preciso adivinhar. É só olharmos o passado e
perceberemos que a combinação desses fatos resultará em uma explosão.
A
segurança privada tem um flanco aberto muito sério. Quem disse que um
funcionário de um clube pode mandar um torcedor erguer os braços e submeter-se
à revista? Onde está a qualificação dos contratados eventuais? Tanto é assim
que, em seus coletes de serviço, o que se lê é a palavra “orientador”. Muito
bem, que assim seja. Orientar, ajudar, acompanhar.
Tenho
o melhor depoimento a prestar sobre a excelência dos serviços prestados por
moços e moças que têm feito esse trabalho no Beira-Rio, mas não consigo aceitar
que agentes privados desarmem um espectador que insista em portar um revólver
enquanto rola um Gre-Nal. Há funções públicas indelegáveis. Sei que logo dirão
que os clubes são entidades privadas e os estádios acolhem espetáculos geridos
assim.
Nem
é preciso alongar-me sobre a diferença entre um jogo de futebol e uma balada em
um clube noturno qualquer. É pelas peculiaridades do esporte que o evento é
outro. Então, que não se abra mão do policiamento ostensivo e das ações de
polícia judiciária e dos juizados especiais itinerantes, presentes nos grandes
espetáculos esportivos. E é justo que da arrecadação dos jogos saiam os
recursos para o custeio da atividade da Brigada Militar. Afinal, os serviços
privados também serão pagos assim.
Assusta-me
a combinação explosiva da volta da beberagem ao futebol com a retirada do
policiamento pela Brigada. Já não é tão simples o combate à violência nas
arquibancadas. A pancadaria seguidamente acontece, entre as torcidas
organizadas ou não. O futebol existe para nos trazer convivência saudável e
alegria. A alegria dos estádios, todavia, não é o gole, mas o gol.
Jornalista
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