terça-feira, 10 de fevereiro de 2015


10 de fevereiro de 2015 | N° 18069
LUÍS AUGUSTO FISCHER

TVE E FM CULTURA

No Facebook há uma corrente de apoio à preservação da TVE e da FM Cultura. Aí está uma causa certa. As duas instituições têm um largo papel no mundo das letras, das artes, da vida cultural, no Rio Grande do Sul, e particularmente na região metropolitana.

Isso não quer dizer que elas sejam sempre excelentes. Da FM Cultura acho que se pode dizer que sempre está certa, tanto em sua programação de rotina quanto nos programas magníficos que põe no ar, como o Conversa de Botequim e o Cantos do Sul da Terra, dois que eu costumo acompanhar sempre que posso. Da TVE não digo o mesmo, em parte por ser ela bem mais antiga e ter tido altos e baixos, mas também por ter deixado de fazer o que devia, inclusive nos dois governos estaduais do PT, quando, eu esperava, ela deveria ter tido protagonismo.

Tem limitações a TVE. Tecnicamente anda muitas vezes atrasada, e não faltou governo que quisesse fechá-la, matando-a à míngua; mas ela enfrenta outro problema, relativamente recente, que é o de só deixar comandar programas os funcionários concursados. Isso correpondeu, parece, ao movimento corporativo dos funcionários, que queriam negar vitrine aos CCs, o que tem algum cabimento, mas acabou engessando a tevê de um modo terrível.

O Rio Grande do Sul perdeu muito fôlego por nunca ter proporcionado essa experiência multilinguagem aos artistas daqui, ao contrário de paulistas e cariocas, os quais, na ficção televisiva, fazem interagir escritores, atores, bailarinos, artistas gráficos, pintores, fotógrafos, um potencializando a linguagem do outro. Aqui, com as emissoras pertencentes a redes (e muitas sendo púlpitos), o espaço para isso é muito limitado – e nisso a TVE seria essencial, como foi em alguns momentos, sempre lembrados, como o Pra Começo de Conversa.


Mesmo assim, limitada e escassa, é nela que a gente pode ver, por exemplo, entrevistas e reportagens polpudas com artistas e figuras interessantes com décadas de empenho à inteligência e à arte, e nenhuma penetração nos canais nacionais. Que o atual governo do Estado pense em direção contrária é de lamentar – e de combater.

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