07
de fevereiro de 2015 | N° 18066
EDITORIAL
Zh
UMA OPÇÃO
FRUSTRANTE
Como
esperar que o senhor Aldemir Bendine, que tem uma carreira marcada pela
fidelidade ao PT, resista às interferências políticas e partidárias que
transformaram a Petrobras num foco de corrupção?
A
presidente Dilma Rousseff perdeu mais uma oportunidade de dar um choque de
credibilidade na Petrobras e virar o jogo na crise cada vez mais profunda por
que passam a maior estatal brasileira e a sua própria administração. Ao optar
por um quadro do próprio governo para o comando da empresa, Dilma desafiou o
mercado e o bom senso, passando a impressão de que a danosa política do
aparelhamento será mantida na estrutura administrativa do país. Como esperar
que o senhor Aldemir Bendine, que tem uma carreira marcada pela fidelidade ao
PT, resista às interferências políticas e partidárias que transformaram a
Petrobras num foco de corrupção?
A
Petrobras precisa, neste momento, de um presidente acima de qualquer suspeita e
com independência suficiente para recuperar a confiança de acionistas,
investidores e da própria população. Para isso, a empresa terá que passar por
um processo de transformação no seu modelo de negócio, especialmente na relação
com as organizações privadas que lhe prestam serviço. O esquema de desvios de
recursos públicos formado em torno das licitações resulta de uma cadeia de
desonestidade, mas o ponto central estava localizado nas diretorias da estatal.
Com
administradores competentes, independentes e incorruptíveis, políticos e
lobistas terão menos influência e os fornecedores não poderão formar cartel nem
superfaturar contratos. Para alcançar esse grau de excelência, porém, o novo
presidente teria que se blindar contra o aparelhamento político da empresa e
nomear para os cargos importantes técnicos e profissionais comprometidos com a
eficiência, a lisura e o interesse público.
O
sucessor de Graça Foster encontra uma empresa desacreditada, altamente
endividada, com dificuldades de caixa para financiar os seus novos projetos e
no centro de um escândalo de repercussões internacionais.
Para
dar um choque de credibilidade e governança na Petrobras, ele terá que formar
um novo time de executivos de primeiro escalão; implementar um novo modelo de
gestão com mais autonomia e transparência; revisar o plano de investimentos e
desinvestimentos (venda de ativos) da empresa; e dimensionar o rombo provocado
pela corrupção bem como eventuais perdas que a companhia pode sofrer no futuro
em decorrência das investigações policiais em andamento e de possíveis ações
movidas por acionistas inconformados com os rumos da empresa.
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