Jaime Cimenti
Vinte e quatro horas para sempre
REPRODUÇÃO/JC
Apenas por um dia (Editora Novo
Conceito, 384 páginas, tradução de Ana Paula Doherty), da consagrada jornalista
e escritora norte-americana Gayle Forman, autora de, entre outros, os
best-sellers Se eu ficar e Para onde ela foi, é dessas narrativas que mostram
os acontecimentos de vinte e quatro horas que mudam uma vida para sempre. Gayle
Forman já recebeu vários prêmios e escreve para publicações importantes, como a
revista do The New York Times; Seventeen; Cosmopolitan e The Nation.
Atualmente, vive em Nova Iorque com o marido e as duas filhas.
Apenas por um dia narra a saga de
Allyson Healey, filha de pais certinhos, que recebe de presente deles uma
viagem à Inglaterra. O mimo é para comemorar a conclusão do Ensino Médio. A
vida da menina é igual à sua mala de viagem: organizada, planejada, sistematizada
e previsível.
Na volta do passeio, a moça deve
entrar para a faculdade e construir um futuro que já está planejado nos mínimos
detalhes. É então que Allyson conhece um holandês charmoso que faz performances
no metrô. Fica assustada e, ao mesmo tempo, atraída pelo ar errante do ator,
que recita Shakespeare. O ar aventureiro e misterioso de Willem a envolve muito
mais do que ela esperava. Ela se deixa levar pelo clima.
Quando se dá conta, Allyson já
está num trem com ele, rumo a Paris. Ela não conhece a capital da França e não
fala francês, mas se dá conta de que sentir medo nunca foi tão excitante. A
aventura de um dia se torna o estopim para grandes mudanças na forma de a
estudante enxergar o mundo. O auge da paixão a apavora, mas ela decide seguir
em frente, sabendo que a vida lhe deu acontecimentos inesquecíveis, de repente.
O romance trata dos “acidentes”
provocados pelo destino, mostrando que, às vezes, para nos encontrarmos
precisamos nos perder. A gente nasce em um dia, morre em um dia, pode se
apaixonar em um dia e, enfim, qualquer coisa definitiva pode acontecer em vinte
e quatro horas, bastando estar por aí, nas ruas, nos caminhos, nas estradas. O
desejo de se reinventar acontece, muitas vezes subitamente.
Amor, mágoa, identidade, aventuras
e o interminável mundo de Shakespeare estão nas envolventes tramas do livro,
que, com força e sensibilidade, trata da estimulante experiência de encontrar e
perder o primeiro amor. A narrativa, acima de tudo, retrata com muito talento
da fluidez da identidade adolescente e do desejo ardente de se reinventar. O
livro encanta ao revelar como um encontro fugaz pode transformar nossa vida
para sempre.
“Paris pode ser um lugar
completamente novo”, pensa a protagonista, no trem. E acaba sendo.
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