sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Jaime Cimenti

Vinte e quatro horas para sempre
REPRODUÇÃO/JC

Apenas por um dia (Editora Novo Conceito, 384 páginas, tradução de Ana Paula Doherty), da consagrada jornalista e escritora norte-americana Gayle Forman, autora de, entre outros, os best-sellers Se eu ficar e Para onde ela foi, é dessas narrativas que mostram os acontecimentos de vinte e quatro horas que mudam uma vida para sempre. Gayle Forman já recebeu vários prêmios e escreve para publicações importantes, como a revista do The New York Times; Seventeen; Cosmopolitan e The Nation. Atualmente, vive em Nova Iorque com o marido e as duas filhas.

Apenas por um dia narra a saga de Allyson Healey, filha de pais certinhos, que recebe de presente deles uma viagem à Inglaterra. O mimo é para comemorar a conclusão do Ensino Médio. A vida da menina é igual à sua mala de viagem: organizada, planejada, sistematizada e previsível.

Na volta do passeio, a moça deve entrar para a faculdade e construir um futuro que já está planejado nos mínimos detalhes. É então que Allyson conhece um holandês charmoso que faz performances no metrô. Fica assustada e, ao mesmo tempo, atraída pelo ar errante do ator, que recita Shakespeare. O ar aventureiro e misterioso de Willem a envolve muito mais do que ela esperava. Ela se deixa levar pelo clima.

Quando se dá conta, Allyson já está num trem com ele, rumo a Paris. Ela não conhece a capital da França e não fala francês, mas se dá conta de que sentir medo nunca foi tão excitante. A aventura de um dia se torna o estopim para grandes mudanças na forma de a estudante enxergar o mundo. O auge da paixão a apavora, mas ela decide seguir em frente, sabendo que a vida lhe deu acontecimentos inesquecíveis, de repente.

O romance trata dos “acidentes” provocados pelo destino, mostrando que, às vezes, para nos encontrarmos precisamos nos perder. A gente nasce em um dia, morre em um dia, pode se apaixonar em um dia e, enfim, qualquer coisa definitiva pode acontecer em vinte e quatro horas, bastando estar por aí, nas ruas, nos caminhos, nas estradas. O desejo de se reinventar acontece, muitas vezes subitamente.

Amor, mágoa, identidade, aventuras e o interminável mundo de Shakespeare estão nas envolventes tramas do livro, que, com força e sensibilidade, trata da estimulante experiência de encontrar e perder o primeiro amor. A narrativa, acima de tudo, retrata com muito talento da fluidez da identidade adolescente e do desejo ardente de se reinventar. O livro encanta ao revelar como um encontro fugaz pode transformar nossa vida para sempre.


“Paris pode ser um lugar completamente novo”, pensa a protagonista, no trem. E acaba sendo.

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