31 de janeiro de 2014 | N° 17690
SHOW
Menina de ouro
Aos 17 anos, a neozeolandeza Lorde surpreende e marca sua
entrada no mainstream ao vencer alguns dos principais prêmios do Grammy
A cerimônia do Grammy, no último domingo, teve tudo o que
todo mundo esperava: Daft Punk levando os principais prêmios, Beyoncé
rebolando, Paul e Ringo levando a audiência às lágrimas e Taylor Swift pagando
mico. E teve também Lorde, cantora algo esquisitona que nem bem alcançou a
maioridade civil e debutou no mainstream musical por uma de suas portas mais
reluzentes.
A consagração não veio facilmente. No domingo, Lorde, 17
anos e um único disco lançado, lutou contra gigantes estabelecidos da música
pop, como Katy Perry, Bruno Mars e Justin Timberlake. Mas, graças ao estupendo
single Royals, faturou dois dos quatro gramofones dourados a que concorria:
canção do ano e melhor performance solo pop. E ainda se apresentou, tocando ao
vivo seu grande hit em versão econômica, com maquiagem carregada e dedos como
que mergulhados num tinteiro.
Seu sucesso na cerimônia acabou repercutindo nas redes
sociais. No Facebook, a performance da cantora só foi menos comentada do que o
casamento comunitário abençoado por Madonna. No Twitter, o show da adolescente
ficou em segundo lugar entre os mais tuitados, mas as menções ao seu nome a
colocaram em primeiro lugar, à frente da poderosa Beyoncé e da queridinha
Taylor Swift. De repente, o mundo inteiro soube quem era Lorde, nascida Ella
Maria Lani Yelich-O’Connor no subúrbio da populosa Auckland, norte da Nova
Zelândia.
Os gramofones dourados coroam uma ascensão veloz na
indústria musical e no imaginário pop. Embora compondo e gravando desde os 12
anos, foi com o lançamento do EP The Love Club, em março do ano passado, que o
buzz em torno de Lorde começou a tomar corpo – justamente por conta de Royals,
uma das faixas do disquinho.
O estopim foi a inclusão da faixa na playlist que Sean
Parker, fundador do Napster e figura conhecida do meio pop, mantém no Spotify e
soma quase 1 milhão de seguidores. Resultado: em um mês, Royals era a música
mais ouvida no serviço de streaming e estreava no topo da lista de mais
vendidas da Billboard.
O barulho obrigou Lorde a apressar o lançamento de seu disco
de estreia, composto em parceria com o produtor neozelandês Joel Little.
Disponibilizado em setembro, Pure Heroine trouxe mais do synth pop que
encantara o mundo. Relançado como single, Royals entrou também em primeiro
lugar no Reino Unido e ganhou sobrevida nos EUA, fechando 2013 como um dos três
singles mais vendidos da Amazon e colocando o disco nas listas de melhores do
ano de quase todo o mundo. No Brasil, Royals é a canção mais baixada desta
semana no iTunes.
Ainda na finaleira do ano, a adolescente fechou um acordo de
US$ 2,5 milhões com a empresa de representação artística Songs Music
Publishing, foi capa da Rolling Stone, regravou Everybody Wants to Rule the
World (do Tears for Fears) para o filme Jogos Vorazes – Em Chamas e ganhou
elogios de Elton John (“Lorde aponta a direção para onde Lady Gaga deveria
seguir”).
Mas a maior pista quem deu foi David Bowie, com quem Lorde
se encontrou no começo deste ano. Segundo ela, o Camaleão disse que, quando
ouvia sua música, ouvia o futuro. Um futuro que, ao menos para Lorde, já
chegou.
gustavo.brigatti@zerohora.com.br
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