31 de janeiro de 2014 | N° 17690
PAULO SANT’ANA
Brasil analfabeto
Sei que sou friorento porque, por exemplo, vejo as pessoas
circularem aqui na Redação de Zero Hora, onde há forte ar condicionado frio,
com camisas regatas, blusas cavadas e camisas de mangas curtas, enquanto eu sou
obrigado a colocar um colete de lã ou uma blusa da manga comprida para resistir
ao ar condicionado.
Por outro lado, não sou calorento, resisto bem à temperatura
alta, como a que está fazendo atualmente em Porto Alegre, com o Jornal Nacional
noticiando anteontem que na capital gaúcha a temperatura ambiente era de cerca
de 50°C.
É natural que pessoas haja que resistam mais ao frio ou ao
calor do que outras.
Eu tenho a impressão de que sofreria muito se fosse europeu
ou canadense no inverno, a ideia de neve que faço é poética, mas não é
confortável.
Particularmente, fiquei envergonhado ao ser publicado
anteontem o ranking dos países que contam com mais adultos analfabetos.
O Brasil ocupa o oitavo lugar entre os de mais analfabetos
adultos, atrás apenas de Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, Etiópia
e Egito.
A única desculpa que temos é de que estes países, quase
todos, contam com grandes populações.
Mas é uma desculpa esfarrapada.
Segundo a Unesco, temos 10 milhões de brasileiros adultos
analfabetos. É uma cifra vergonhosa.
Esse dado demonstra cabalmente que a educação no Brasil se
tornou um tremendo e gigantesco fracasso.
E isso prova que nossa economia, que apresenta até um índice
de desenvolvimento meio que incompatível com esse analfabetismo, seria muito
mais pujante no concerto das nações se eliminássemos esse analfabetismo
massivo.
Tanto que na relação que publiquei acima, dos outros sete
países que nos acompanham nesse desastroso ranking, somente a China se poderia
considerar que não é um país pobre, ainda que se possa considerá-la uma
potência econômica com profundas desigualdades sociais.
Os outros seis companheiros que beiram conosco são
paupérrimos, o que quer dizer que podemos arriscar em dizer que analfabetismo é
sinônimo de pobreza.
Quem fez a festa com a greve nos ônibus em Porto Alegre
foram os taxistas. A espera para vinda de um táxi chamado pelo telefone foi em
média de duas horas. E não havia nenhum táxi vazio circulando por todas as
partes da cidade em que se andasse.
Os lotações também se locupletaram. Em todas as paradas, não
podiam arrecadar passageiros por estarem sempre lotados, isto que se permitiu
excepcionalmente que levassem pessoas em pé.
Tragédia para os passageiros de ônibus, paraíso para os
taxistas e lotações.
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