hélio schwartsman
08/01/2014 - 03h00
Por que educação é
importante?
SÃO
PAULO - Para um indivíduo prosperar, basta que ele consiga um trabalho. Mas,
para a sociedade progredir, é preciso que as pessoas façam seu trabalho, ou
seja, que efetivamente criem bens e serviços.
Essa
diferença já era conhecida dos economistas clássicos. Frédéric Bastiat
(1801-50), em seus impagáveis "Sofismas Econômicos", imagina uma
petição ao rei para que todos os súditos sejam proibidos de usar a mão direita.
A razão do pedido é explicada na forma de silogismo: quanto mais uma pessoa
trabalha, mais rica ela fica; quanto mais dificuldades precisa superar, mais
trabalha; logo, quanto mais dificuldades uma pessoa tem de superar, mais rica
ela se torna.
Quando
a coisa é colocada assim de forma escancarada, percebemos o ridículo da
situação. O problema é que raciocínios muito parecidos com esse, quando vendidos
sob a palavra de ordem da preservação de empregos, ganham sólido apoio popular.
Esse é, na opinão de Bryan Caplan, uma espécie de viés econômico que compromete
a noção de democracia.
Fazendo
coro a Bastiat e outros economistas ortodoxos, Caplan sustenta que, enquanto a
população vê o desemprego como "destruição de postos de trabalho",
especialistas nele veem a "essência do crescimento econômico, a produção
de mais com menos". Um exemplo esclarecedor é o da evolução da mão de obra
agrícola nos EUA: "Em 1800, era preciso utilizar quase 95 de 100
americanos para alimentar o país. Em 1900, 40%. Hoje, 3%... Os trabalhadores
que deixaram de ser necessários nas fazendas foram usados na produção de casas,
móveis, roupas, cinema...".
E
onde entra a educação nessa história? Uma força de trabalho intelectualmente
preparada não apenas produz com maior eficiência como ainda pode ser mais
facilmente readaptada para outras funções, quando seus trabalhos se tornam
obsoletos. Cada vez mais, a educação se torna matéria-prima do crescimento.
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