sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

JaimeCimenti

Perseguindo um misterioso poeta

Alfabeto dos ossos, romance da aclamada escritora escocesa Louise Welsh, autora de The Cutting Room, que em 2002 ganhou o prêmio alfabetodo Crime Writers Association de melhor romance policial de estreia, é a primeira obra dela lançada pela Bertrand Brasil. Louise já escreveu cinco livros e a publicação de Alfabeto dos ossos resultou de centenas de pedidos de leitores brasileiros, fascinados com a prosa afiada da autora.

A obra combina, com muita habilidade, doses fortes de suspense com linguagem e estrutura altamente literárias. Não por acaso, Louise foi comparada a mestres como Ruth Rendell e P.D. James e, mesmo os seus leitores habituais, surpreenderam-se com o novo romance da escritora. A narrativa gira em torno de um professor universitário, Murray Watson, que empreende uma busca incessante de informações sobre Archi Lunan, um poeta controverso que há décadas publicou uma única obra.

Mesmo tendo recebido elogios pelo livro, Lunan desapareceu logo após a publicação. Lunan queria ser escritor de ficção científica, mas por conta de uma vida desregrada e da personalidade polêmica, publicou somente um pequeno volume de poemas. Depois que se mudou para a ilha Lismore, na Escócia, as coisas nunca mais entraram nos eixos e o poeta acabou desaparecendo no mar, sem deixar rastro, sob fortes suspeitas de suicídio. Murray Watson, ainda quando adolescente, se encantou pela obra de Lunan e se tornou seu maior admirador.

 Professor universitário com carreira conturbada, rumo ao insucesso e com relacionamentos amorosos e familiares frustrados, Murray entendia-se até com as próprias bebedeiras e decide ir a fundo sobre a vida e a obra do poeta menor. Murray vai até a ilha onde viveu o poeta, tenta encontrar as pedras do quebra-cabeça. Não encontra nada. O poeta não tinha amigos e sua ex-mulher nega-se a falar. Murray sente que, por trás dos silêncios, há um grande ressentimento em relação a Lunan, e vai mexer em segredos que ficariam melhor se ficassem bem  enterrados.

Com várias passagens poéticas em meio ao dinâmico texto em prosa, Louise Welsh, além do suspense competente, retrata o mundo literário de um ângulo diferente, revelando o descaso de professores, escritores e bibliotecários, entre outros profissionais da área.Enfim, os leitores brasileiros vão confirmar por que a autora tem sido apontada como uma das expoentes da literatura policial.


A narrativa bem elaborada, o humor, o erotismo, o suspense e a tensão de cada capítulo estão presentes. Bertrand Brasil, 462 páginas, tradução de Bruna Hartstein.

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