segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


13 de janeiro de 2014 | N° 17672
PAULO SANT’ANA | MOISÉS MENDES

Beija logo!!!

Eu pretendia escrever sobre a crueldade que fizeram com a poupança. Você deve ter visto que a nova poupança, inventada pelo governo quando os juros começaram a cair, perdeu para a inflação no ano passado. A nova poupança está em vigor desde maio de 2012, tem rendimento mais baixo que a antiga e segue uma fórmula diabólica.

Foi inventada para que os grandes poupadores não saíssem das tais aplicações de renda fixa e migrassem todos para a caderneta. É uma tática que acaba punindo todo mundo.

Isso se chama de juro negativo, que rende menos que a inflação. É comum na Europa e nos Estados Unidos. Lá, as aplicações não rendem nada ou rendem muito pouco. Mas lá os juros dos financiamentos são razoáveis.

Eu, você, os assalariados, os aposentados, todos os que têm a poupança como reserva, ou para reforçar o salário ou uma pensão, não ganhamos nada com a nova poupança. Conseguiram desmoralizar a poupança e punir os pequenos, com o argumento risível de que assim afugentam os grandões. Nem isso acontece.

É estranho esse Brasil. Os bancos têm lucros monstruosos e o poupador é logrado com rendimento abaixo da inflação. E falavam mal do Collor, que confiscou a poupança de uma só vez. Agora, nos levam a poupança aos poucos.

Mas eu quero escrever mesmo sobre o beijo gay na TV. Aderi à campanha que rola na internet para que o Niko (Thiago Fragoso) e o Félix (Mateus Solano) se beijem na novela Amor à Vida. A campanha é esta: beija logo!!!

É estranho, constrangedor, é vergonhoso que a mais pop de todas as artes da dramaturgia brasileira ainda se renda ao moralismo e adie todos os anos o beijo gay. Daqui a alguns anos, vamos nos perguntar: como era possível que, no início do século 21, os autores de novela, os atores, os diretores (e o público) se rendessem ao preconceito, ao Feliciano e ao atraso? E isso que diziam que o atraso estava lá longe, no Maranhão.

Sant’Ana volta amanhã, antes que eu comece a ser vaiado. Está bronzeado, com cara de veraneio e inspirado. Me diverti nessas duas semanas de interino. Quando escrevi, esses dias, que estava aqui como se fosse o Adilson, o reserva de Pelé no Santos, recebi muitas manifestações de apoio e consolo.

Cláudio Nascimento me contou que era o quinto reserva de Renato Portaluppi no Grêmio dos anos 80. Nascimento tem até hoje o mesmo apelido dos tempos de ponteiro no Olímpico, é o Polaco da Cia Sanduíches, figura conhecida no Menino Deus.

Ele também tem um consolo. Ainda se lembram dele como o quinto reserva de Renato, mas poucos se recordam dos outros quatro. Pedro Pacheco, testemunha dessa época, garante que o Polaco foi um dos maiores reservas do mundo que ele nunca viu jogar.


Eu me consolo jogando de vez em quando. Boa volta, Pablito.

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