17
de janeiro de 2014 | N° 17676
PAULO
SANT’ANA
Presídio Central
Esforço-me
por não colocar nesta coluna cartas, que penso devam ser publicadas em outro
espaço específico de ZH.
Mas
há casos incontornáveis, ainda mais quando o missivista age de forma tão
cordial como a presente.
Eis
a resposta do secretário substituto da Segurança Pública à minha coluna de
quarta-feira: “Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Senhoria para,
preliminarmente, saudá-lo pela qualidade e responsabilidade com que tua coluna
na Zero Hora trata do tema segurança pública.
Também,
de forma preliminar, gostaria de renovar minha posição de que a liberdade de
imprensa é apanágio inafastável da democracia. Não há democracia sem liberdade
de imprensa. Assim, por óbvio, qualquer gestor público que não se afaste da
busca permanente do interesse público precisa ter a sabedoria de acatar as críticas
recebidas no desempenho de sua função institucional. Não só acatar. Também
aproveitar as críticas justas para aperfeiçoar a execução das políticas públicas
pelas quais é responsável.
Ao
ler tua coluna do dia 15/01/2014, fiquei triste. Te acompanho desde que
entraste de Papai Noel vestido de azul em um Gre-Nal de 1961; lembro de teu
primeiro programa no Sala de Redação (que sucedeu ao programa do falecido Cândido
Norberto). Eu li, eu vi, eu ouvi. Lembro de colunas memoráveis que tua inteligência
propiciou aos gaúchos.
Ontem
(quarta-feira), porém, não foste o Paulo Sant’Ana que eu conheço. Tu, que és um
delegado, sem me permitir o contraditório, no que tange ao tema de homicídios
no Presídio Central, termina tua coluna com um jocoso ‘Quá, quá, quá, quá...!!!’.
Sant’Ana,
quando afirmei que nos últimos três anos não ocorreu nenhum homicídio no Presídio
Central, eu sabia do que estava falando. Falei com base em estatísticas
oficiais. Quis chamar atenção que a execução das penas no Presídio Central, que
será desativado no final de 2014, embora as deficiências notórias, está longe
do que acontece no Presídio de Pedrinhas, no Maranhão.
Caro
Sant’Ana. Um Juiz da Vara de Execução Penal (por sinal muito competente), de
forma um pouco irresponsável, é que vinha bradando haver muitos homicídios no
Presídio Central. Isto não é verdade. Até por razões da cultura da população
carcerária de nosso Estado. Posteriormente, instado por mim, esse juiz trouxe à
colação a possibilidade da ocorrência de apenas 1 (um) homicídio.
Verifiquei
a situação (o juiz neste caso apontou o nome) e analisei que, embora a ‘causa
mortis’ constante do laudo do IGP seja ‘asfixia’, neste caso, e unicamente
neste, que inclusive tem um processo penal em fase adiantada de conclusão, é bem
possível que tenha havido homicídio. Isto, inclusive, está sendo informado à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.
Amigo
Sant’Ana, será que o teu final jocoso da coluna, por questão de justiça, não
deveria também ser encaminhado a um magistrado que diz ter conhecimento de vários
homicídios (12) e só apresenta 1 (um), que mesmo assim não tem conclusão final?
Ficam estas razões para tua consideração. Um abraço, (ass.) Juarez Pinheiro. Secretário
da Segurança Pública, em exercício”.
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