quarta-feira, 29 de janeiro de 2014


29 de janeiro de 2014 | N° 17688
PAULO SANT’ANA | PAULO SANTANA

Greve, sim. Mas legal!

Interessante: diante da sugestão desta coluna à Justiça do Trabalho de que fossem estendidos os 30% da frota para atender os passageiros durante a greve para 70%, sugestão que foi acolhida imediatamente pela Justiça do Trabalho, que ordenou fosse assim feito, os sindicatos que comandam a greve disseram que não poderiam mobilizar os 70% da frota ontem à tarde.

Mas que grevistas são esses que não estão prontos a serem mobilizados com urgência? Foram para a praia?

Não tem justificativa, os sindicatos respectivos têm de ser multados pesadamente por esse desaforo.

Quem faz greve tem de estar alerta. Tem de estar mobilizado para qualquer contingência emergencial. E os engraçadinhos dos sindicatos nos fazem rir dizendo que não tinham tempo para mobilizar os trabalhadores ontem à tardinha para atender a justa e oportuna determinação judicial?

Multa pesada neles!

Tenho o maior respeito pelos direitos dos trabalhadores. Neste caso, respeito a greve decretada.

Mas isso implica observação da lei. Implica principalmente a aflição, a dor e a incomodidade dos passageiros que, muitos deles, quaravam num calor próximo dos 40 graus nas paradas ontem, esperando por horas sem ter qualquer notícia de quando poderiam chegar os ônibus ditos de emergência dentro da greve.

Então, não tenho de me comover com isso? Então, não tenho de ser a voz que represente esses oprimidos?

Tenho plena consciência de que estou a serviço da justiça e da razão.

E não tenho nada que ficar ao lado de greves que muitas vezes servem a interesses que nada têm a ver com fulcral interesse público e da população.

Esse é o meu dever de consciência.

Tenho aqui sobre minha mesa denúncias de que, por trás dessa greve, existem interesses pessoais espúrios, inclusive de pessoas que detêm cargos de confiança na Carris e outros que foram preteridos para o secretariado pelo prefeito Fortunati. O prefeito sabe muito bem da arapuca que armaram para ele.

E me informaram ontem que na assembleia dos trabalhadores que entraram em greve, todos eles somam 8 mil, só compareceu a ninharia de 600 rodoviários. De 8 mil, só 600, tudo bem, entendo o fenômeno da representatividade, mas é muito pouco, uma mixaria. O que indica que está havendo malversação da representatividade.

Greve, tudo bem, é da democracia. Mas que seja uma greve não atentatória à Justiça, à lei e principalmente ao direito dos porto-alegrenses, principalmente dos mais pobres, de circularem de ônibus pela cidade.


Falei.

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