22 de janeiro de 2014 | N° 17681
ARTIGOS - Jorge Leopoldo Sobbé*
Segurança hoje
No final de semana de 35C na sombra, estava trancado em casa
estudando diversos assuntos e tive que ir ao escritório para buscar um livro e
me ocorreu de escrever este artigo. No deslocamento da Carlos Gomes até o
escritório, não vi nenhum policial no caminho. Reconheço nos dirigentes da
segurança pública pessoas capazes e responsáveis, mas este é um assunto de
todos.
Vamos adiante, em diversas conversas com amigos é frequente
o assunto e sempre me vem o problema de investimento. Vejamos, para falar de
investimento é preciso diferenciar de custo e suas diversas subdivisões.
Acredito que deva haver, na coluna dos custos, salários, reposição de carros,
computadores, gasolina, luz, diárias.
Ainda podemos falar da quantidade de policiais para uma
população em constante crescimento. O Estado se esforça e tenta abrir concurso
para mil e não se nota nenhuma diferença nas ruas, seria mera reposição e
talvez atrasada.
Todos vão concordar que o Palácio da Polícia é um ícone da
Polícia Civil gaúcha, eu não sei quando ele foi construído ou quando a Polícia
Civil foi para lá. Posso dizer que, desde que eu era criança, ele tem o mesmo
tamanho. O mesmo estacionamento, as mesmas escadas, os mesmos vidros quebrados,
as mesmas cores, o bonde da Carris ainda está lá e deve ainda abrigar algo.
Enfim, Porto Alegre cresce para os lados e para cima, só os
investimentos em segurança pública ficaram parados. Veja bem, o Shopping
Iguatemi, em seu histórico, relata diversas reformas e ampliações. Em 1993 o
Iguatemi ganhou 60 novas lojas e quatro cinemas, em 1997 foi ampliado o
estacionamento.
Em 1872, eram 11 delegacias, distritos policiais, em 2014
são 26. Em 1872, Porto Alegre tinha 44 mil habitantes e hoje a capital tem 1,6
milhão de habitantes. A desproporção está clara e não precisa chamar nenhum
matemático para dizer da crise que está instalada.
Em 30 anos, o foro de Porto Alegre já passou do centro da
cidade para perto da Avenida Borges de Medeiros, já ficou pequeno e já
construíram outro somente para varas cíveis. O Tribunal de Justiça não coube
mais na Praça da Matriz, foi para perto do Foro, maior e melhor.
Não lembro de cabeça que a Brigada Militar tenha criado
algum batalhão, ou quantos batalhões foram criados. Quantos soldados foram
incorporados para aproximar do aumento da população.
A presença da polícia nas ruas diminui sensivelmente a
necessidade de aumento de vagas no presídio. Autores são unânimes em afirmar
que a grande presença de policiais na rua previne crimes. Não podemos esquecer
que os crimes hoje são muito mais facilmente vigiados, há recursos tecnológicos
para tudo. Ah!, mas precisa investimento, custo de manutenção.
Nas últimas décadas, temos muito que pensar, uma autocrítica
precisa surgir. Entregaram para a segurança pública migalhas de um orçamento e,
quando há um gasto extra, é por força de tragédias do momento. Não podemos mais
deixar para amanhã.
*ADVOGADO
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