23 de janeiro de 2014 | N° 17682
ARTIGOS - Heitor José Müller*
Qual o
Rio Grande que queremos?
Nunca antes na história do Rio Grande do Sul, vivemos a
repetição de erros que comprometem o futuro do Estado. Erros cometidos em função
de razões que podem ser meramente eleitorais, ou melhor, eleitoreiras.
O voto contrário do Legislativo a um mecanismo de equidade
de competição para as indústrias estabelecidas no território gaúcho e a
insistência e comemoração do Executivo em torno de um salário regional acima do
mínimo nacional são demonstrações de que algo está faltando naqueles que têm a
responsabilidade de decidir sobre os rumos da nossa sociedade.
A extinção do apelidado “imposto de fronteira” – aprovado e
sancionado pela Assembleia Legislativa – significa entregar o mercado
consumidor gaúcho para artigos originários de outros Estados e do Exterior.
Portanto, o posicionamento em defesa de uma taxa de equidade visa estabelecer
condições tributárias que eliminem a concorrência desleal entre o que é
produzido aqui e o que vem de fora.
Não podemos aceitar o dumping como se fosse uma questão
normal de mercado. A concorrência tem que ter regras claras de defesa
econômica. Se não for assim, abriremos espaço para que o consumidor de hoje seja
o desempregado de amanhã.
Essa ameaça ao emprego no Estado infelizmente foi reforçada
por outra decisão: a outorga de um piso salarial reajustado, ano após ano,
acima da inflação, sem a contrapartida do necessário aumento da produtividade.
Nesse contexto, o Executivo e o Legislativo criam uma
fantasia, um ganho ilusório, pois a maior remuneração inicial se esvai em pouco
tempo pelo aumento da inflação e consequente queda do poder aquisitivo. Se
decretar aumentos salariais resolvesse o problema da renda da população,
certamente muitos países já teriam feito isto para promover o crescimento.
Por essas razões, o “Custo Rio Grande do Sul” afasta novos
empreendedores e desestimula a expansão das indústrias já estabelecidas. Nesse
rumo, há uma tendência de depressão econômica que não é vista por quem só olha
para períodos de cada quatro anos.
O importante é que precisamos decidir se queremos
transformar o Rio Grande do Sul em um grande camelódromo ou num Estado
industrial de verdade. Dispomos de um mapa estratégico, que é a Agenda 2020,
cujas análises apontam os rumos corretos. E acreditamos que ainda existam
políticos com visão de estadistas, que enxergam e compreendem o que estamos
afirmando, pois têm uma visão além dos soluços eleitorais.
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