domingo, 17 de julho de 2011


ELIANE CANTANHÊDE

Passos: dois pra lá, dois pra cá

BRASÍLIA - Afinal, qual é a do ministro Paulo Sérgio Passos?

Passos foi saudado como técnico, um funcionário de carreira preocupado e ocupado com a moralização dos Transportes, com o simpático detalhe de ser marido da cantora Rosa Passos, muito querida em Brasília. Mas as dúvidas começam a incomodar.

Passos se filiou ao PR em 2006 e agora quase tampa o nariz diante do partido. A filiação foi um mero ato oportunista, para lhe garantir espaço vip nos Transportes, feudo dos "republicanos"?

Como secretário-executivo, era o segundo homem na hierarquia e, em tese, tudo passava por ele. Dá para se dizer chocado com o que acontecia sob suas barbas?

Ocupou a vaga de ministro em 2006 e 2010, quando o titular Alfredo Nascimento saiu para disputar eleições. O grosso das liberações e dos desvios não costuma ocorrer justamente em anos eleitorais?

Os leitores estão aflitos, uns, e curiosos, outros. Questionam, como o meu colega Ricardo Melo no quadrado aí de cima: se não viu e não sabia, Passos é incompetente? E, se viu e sabia, é conivente?

Para a cúpula do PR, atingida em cheio pelas denúncias que não param de jorrar dos Transportes e de empresas de filhos e mulheres do seu alto escalão, o problema de Passos não é incompetência nem conivência. É jogo duplo.

Ele caiu nas graças do PR por se filiar ao partido e conviver passivamente com as tramoias durante todos esses anos. Agora cai nas graças de Dilma por virar informante?

Quem serve a dois senhores acaba se queimando com ambos. O PR riscou o fósforo, alertando que Passos pode usar a vassoura, mas varrendo a sujeira para debaixo do tapete. Dilma, porém, é quem tem o maçarico e exige faxina bem feita. Se falhar, o varrido -e esturricado- vai ser o próprio Passos.

PS - Um must: Lula, do congresso chapa-branca da UNE para o jatinho de um mandachuva do... PR.

elianec@uol.com.br

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