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quinta-feira, 21 de julho de 2011
21 de julho de 2011 | N° 16768
PAULO SANT’ANA
Usados e seminovos
Estas opiniões reiteradas dos que são contra o cercamento da Redenção, alegando ora que seria muito difícil retirar todas as pessoas na hora do fechamento à noite, ora que o problema da segurança no Parque Farroupilha reside no extenso tamanho do parque, faz-me lembrar de uma história espetacular que conto agora.
Ladrões roubaram todo o paiol de munições de dentro de um quartel. Todo o armamento.
E um repórter foi perguntar para o coronel comandante do quartel se não havia ronda em torno do paiol.
O que disse o coronel: “Não dá para vigiar, o quartel é muito grande.”
Os esposos, marido e mulher, são como os automóveis: quando zero-quilômetro, não têm defeitos, tudo é lua de mel.
Mas com o tempo passando, vão surgindo os problemas mecânicos, as avarias nas carroçarias, o desgaste nas peças, os defeitos funcionais, arranhões na pintura, os pneus carecas.
Marido e mulher seminovos ou usados passam a ter menor valor de mercado.
E alguns saem de linha.
Marido, mulher, carro, moto, uns são furtados, outros roubados, quando não contrabandeados.
E todos precisam de combustíveis, que são muito caros, mesmo quando estão na garagem ou na pensão alimentícia.
Há maridos e mulheres que brigam muito, uns atravessam a faixa de segurança e não respeitam os sinais, outros excedem em velocidade na busca de ventura (ou de aventura).
Marido, mulher, carros, todos necessitam de inspeção veicular ou de psiquiatras de casais para consertos em geral ou manutenção.
Ainda assim, muitos maridos e mulheres ou carros são alvos de afeição por parte de seus donos. Há malucos que teimam em possuir carros com 20 anos de uso, não se desfazem deles e se recusam a trocá-los por veículos de mais alto ano de fabricação.
Há pessoas que têm dois carros, inúmeros homens há que têm duas mulheres.
Os que têm dois carros deixam um deles na garagem, o mesmo fazem os que têm duas mulheres. O diabo é que hoje em dia o preço das garagens está tão grande que ultrapassa o custo dos que estão em trânsito.
Mas também existem alguns raros que se mantêm celibatários ou se locomovem pelo transporte coletivo.
E existem ainda os mais raros: os que não têm carro nem mulher ou marido: estão completamente isentos de quaisquer impostos.
Porque tanto é muito caro ser casado quanto possuir automóvel: se casa, depois vêm os filhos; se compra carro, tem de pagar garagem, multas, flanelinhas.
O mais barato é fazer o que muitos fazem: permanecem solteiros ou andam a pé.
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