sexta-feira, 29 de julho de 2011



29 de julho de 2011 | N° 16776
EDITORIAIS ZH


O pesadelo da saúde

Poucas vezes, a população gaúcha foi confrontada de maneira tão chocante com os dramas enfrentados cotidianamente por pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), como vem ocorrendo com a série de reportagens denominada Pesadelo da Saúde, que a RBS TV vem apresentando esta semana.

Cada episódio é uma dor: perda de vidas, amputações, agravamento de doenças motivado unicamente pela falta de atendimento adequado. Espera-se que, com a amplificação dessa realidade dolorosa, as autoridades se disponham finalmente a tomar alguma providência para atenuar o sofrimento dessa parcela negligenciada da população gaúcha.

Embora o descaso dos governantes com a saúde seja histórico no país, é difícil entender como situações envolvendo tanto sofrimento possam se estender indefinidamente e até se agravar.

Os relatos mostram mais que pessoas enfermas viajando centenas de quilômetros entre seus municípios de origem e centros maiores, particularmente Porto Alegre, em busca de atendimento especializado. Incluem desde pais que perderam o filho por falta de ambulância para transportá-lo ao local adequado até um descontrolado exército de amputados, formado em grande parte por diabéticos sem atendimento.

E o que dizer de quem perde a visão pela demora na marcação de consulta com um oftalmologista e, mais ainda, com um cirurgião? Ou, então, de quem tem consciência de estar morrendo por uma doença que poderia ser curável se tivesse acesso a tratamento?

Políticos são eleitos para o Legislativo ou como gestores públicos para encarar problemas desse tipo, primeiro declarando-os prioritários e, de imediato, adotando providências objetivas, que possam pôr fim de vez ao sofrimento de tantas pessoas.

Obviamente, a solução depende de recursos na quantia necessária – uma das atribuições dos administradores é justamente a de encontrá-los –, mas também de uma melhora na qualidade da gestão no setor público. O que precisa ocorrer é uma providência cabal, imediata, que acene pelo menos com uma perspectiva de fim desse pesadelo tristemente real.

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