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sexta-feira, 8 de julho de 2011
08 de julho de 2011 | N° 16753
PAULO SANT’ANA
Roubalheira espalhada
Ontem, entre a Avenida Coronel Marcos e a Estrada Juca Batista, ao meio-dia, cinco postos de gasolina consecutivos (um adiante do outro) tinham o preço de R$ 2,64 para a gasolina comum.
Como por um milagre, três horas depois, às 15h, os cinco postos já tinham mudado o preço: para R$ 2,79, quatorze centavos mais caro.
Ou seja, para um tanque de gasolina de 60 litros, o aumento foi de cerca de R$ 8.
O leitor Luciano Lemanski (lulemn@uol.com.br) estranhou tão brutal aumento em tão curto espaço de tempo e perguntou a um frentista de um dos postos qual o motivo desse aumento combinado entre os postos.
A resposta do frentista: “Os caras fazem pressão.”
Este é um país em que os distribuidores de gasolina se combinam para cobrar dos postos o mesmo preço pelo produto.
A seguir, estes postos da zona sul porto-alegrense se combinam para aumentar o preço da gasolina, que eles já tinham combinado também pelo preço anterior.
E por aí vão estes ataques ao princípio da concorrência, este escarrado cartel de distribuidoras e de postos, sugando sem pudor os bolsos dos consumidores.
E ninguém faz nada, as autoridades cruzam os braços, enquanto os consumidores são espoliados diariamente, sem qualquer recurso ou defesa.
Mas, também, num país em que o governo proíbe um ataque fatal à concorrrência, estudando financiar em R$ 4 bilhões uma rede de supermercados para adquirir outra rede, o que vamos esperar desses postos da Zona Sul?
É esta farra cartelística, e os consumidores não têm para quem reclamar que não seja uma impotente coluna de penúltima página de jornal.
O BNDES, banco público, banco com dinheiro dos contribuintes brasileiros, estuda financiar fusão de redes de supermercados, proporcionando a concentração no ramo, ou seja, a supressão da concorrência – então estes donos dos postos da zona sul de Porto Alegre se sentem autorizados a roubar assim dos consumidores de gasolina.
Isto é uma vergonha, é um deboche, por onde vamos somos roubados por algumas garagens, por alguns flanelinhas e por alguns postos de gasolina.
Todo mundo metendo a mão, assaltando nos preços de produtos ou de serviços.
E os consumidores e os contribuintes, este velho povo cansado de ser assaltado, continuam a ser vítimas de espoliação.
Isto não é país, é a Casa da Mãe Joana. Se o governo negocia com seu banco uma fusão entre supermercados, sufocando a concorrência, como cobrar ética e preços morais dos postos de gasolina?
Este país afunda cada vez mais, todos os dias.
É triste ser brasileiro.
Triste não, é arrasador.
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