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segunda-feira, 11 de julho de 2011
11 de julho de 2011 | N° 16756
PAULO SANT’ANA
O olhar do abutre
Estranha ave o urubu. Ele só se alimenta de outros animais mortos.
Não há na história da ornitologia sinal de que alguma vez um urubu tenha atacado um ser vivo.
Somente em casos de extremas dificuldades alimentares os urubus saem à caça de sapos, roedores e lagartos vivos,
Ele vive voejando em torno do que possa ser carniça.
Nesses filmes de faroeste ou de aventuras no agreste, a gente vê um bando de urubus voando em torno de um terreno onde algumas pessoas em sérias dificuldades estão prestes a morrer.
O urubu é um animal tão sinistro que se constitui na única ave que não canta. Eles não possuem siringe (órgão vocal das aves). Por isso eles não cantam, eles crocitam.
O crocitar é uma espécie de grunhido. Mas também, se o urubu cantasse, é certo que seria um canto fúnebre.
O urubu exerce importante papel sanitário ao retirar da superfície do solo material orgânico em decomposição.
Grande parte dos caixões de defuntos são pretos. E se estabeleceu que o luto, entre os homens, tem de ser preto.
Por isso é que os urubus são pretos, têm a cor da morte.
Interessante é que os urubus nascem com a penugem amarelada e com o bico reto colorido de azul-escuro.
Com três semanas de vida, o urubu apresenta a cor branco-rosado, com as pernas azuladas. Um mês depois, com o tamanho de uma galinha, a plumagem do urubu assume a cor castanho-claro, mas já começa a mostrar raras penas pretas.
Aos dois meses de idade, toda a plumagem dos urubus é preta, assim como o bico e os pés: ele fica, assim, pronto para iniciar sua lúgubre tarefa de carniceiro.
Não deixa de ser interessante essa caleidoscópica mudança de colorido dos urubus. Na infância e adolescência, suas penas são de várias cores lindas, mas afinal o preto agourento toma conta de seu corpo e ele se torna num expedicionário em busca da morte.
Um motivo forte me pôs a referir os urubus. É que ontem à tarde (os urubus não saem dos ninhos à noite) um urubu pousou na sacada de um vizinho meu de condomínio. Ficou a 10 metros da minha sacada.
Ele ficou me fitando, eu olhando para ele. Estranho, um urubu em plena área urbana pousando num arranha-céu.
Fiquei durante meia hora olhando para o urubu, ele não tirava os olhos de mim. Não havia nenhum animal morto ou moribundo por perto, o urubu claramente se mostrava vidrado em mim.
Fiquei com vontade de gritar para ele: “Por enquanto não há nada por aqui que seja do seu interesse. Mas quem sabe dá uma passada daqui mais alguns dias.”
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