Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 16 de julho de 2011
16 de julho de 2011 | N° 16762
PAULO SANT’ANA
Molambo
Esta história é espetacular.
Augusto Mesquita foi um grande compositor da música popular brasileira.
Mas foi também um grande boêmio, reunia-se todas as noites com seus amigos num botequim.
E lá se deixavam dominar eles, inebriados pelos versos embandeirados de belas melodias, madrugadas afora, não se deitavam antes das oito da manhã.
E no dia seguinte, o mesmo encontro no mesmo boteco. As mesmas canções, algumas outras canções, às vezes canções inéditas, entremeadas de bate-papos enquanto a noite escorria.
Augusto Mesquita era sem dúvida o camarada mais querido da roda. Pelo seu espírito, pelo seu vezo poético, pelas anedotas e mentiras que contava, era uma espécie de João Saldanha, o maior bate-papo do Rio de Janeiro, porque contava mentiras adornando-as com verdade e uma cultura que o fez correspondente de guerras.
Durante 10 anos aquela turma se encontrou no mesmo bar. Pareciam ser irmãos, mais que amigos.
Um dia, Augusto Mesquita chegou ao boteco com ar grave e comunicou à roda que se apaixonara e estava morando num apartamento de sua amada, em Copacabana.
Durante cinco anos, Augusto Mesquita não compareceu mais ao bar onde cultivava sua boemia com o grupo de amigos.
Até que um dia Mesquita rompeu com sua amada e retornou ao bar. Durante um ano seguinte ele voltou à roda, à boemia e ao bar em que sempre se encontraram.
Os amigos tinham se renovado de alegria por seu retorno.
Até que, exatamente um ano depois de ter-se desligado de seu amor, Augusto Mesquita chegou no bar, pediu a Jayme Florence que o acompanhasse no violão e cantou o seguinte samba, que fizera um dia antes: “Eu sei que vocês vão dizer/ que é tudo mentira/ que não pode ser/ porque depois de tudo o que ela me fez/ eu jamais deveria/aceitá-la outra vez/ lamento mas fiquem sabendo/ que ela voltou e comigo ficou/ ficou pra matar a saudade/ a tremenda saudade/ que não me deixou / que não me deu sossego um momento sequer/ desde o dia que ela me abandonou /ficou pra impedir que a loucura/ fizesse de mim / um molambo qualquer/ ficou desta vez para sempre... / se Deus quiser!”.
E nunca mais Augusto Mesquita foi visto naquele bar ou em qualquer outro bar ou roda boêmia do Rio de Janeiro naquela época de Noel.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário