Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 9 de julho de 2011
10 de julho de 2011 | N° 16755
VERISSIMO
Contículos
Angela
Uma nesga de cabelo negro cobria um lado do seu rosto e ela estava bebendo algo vagamente azul. Quando ele sentou-se ao lado dela no bar e perguntou seu nome, ela disse:
– Ângela. E completou:
– Mas não me leve ao pé da letra...
Dez anos depois, enlouquecido pelo ciúmes, ele a matou a facadas. Como era de se prever.
"Bob" e "zé"
Roberto Sommerville de Abranches Morgado e José dos Santos nasceram no mesmo dia, quase na mesma hora. Roberto – “Bob” para familiares e amigos – formou-se em administração de empresa, com curso complementar em Harvard, e preparava-se para assumir a direção dos negócios do pai. José (“Zé”) não completou os estudos, vivia de bicos e pequenos furtos e ultimamente trabalhava como motoboy com uma moto roubada.
Um dia os dois se cruzaram numa rua do centro, “Bob” na sua Mercedes e “Zé” na sua moto, e até hoje nenhum dos dois sabe como estiveram a centímetros de se transformar numa história de ironia trágica no transito.
Maria do Rosário
Maria do Rosário vivia na janela. Almiro morava em frente. Maria do Rosário era linda. Almiro se apaixonou. Mandou um bilhete para Maria do Rosário por um moleque. (Foi no tempo em que os moleques levavam bilhetes.) Declarou seu amor pela moça da janela. Que respondeu dizendo que ele não podia estar apaixonado porque não sabia nada dela. “Sei que você é linda”, respondeu Almiro. “E nada mais interessa”.
E Maria do Rosário respondeu, pelo moleque: “Você não sabe nem se eu tenho pernas!”. Almiro levou um choque. Era verdade. Nunca vira Maria do Rosário a não ser na sua janela. E se Maria do Rosário fosse só o que aparecia? “Tem resposta?” perguntou o moleque, impaciente. Almiro não sabia o que fazer. Perguntar se Maria do Rosário tinha ou não pernas não seria elegante. Dizer que as pernas não importavam não seria verdade. O moleque foi dispensado.
A correspondência terminara. Almiro acabou se mudando da casa sem nunca ter visto a Maria do Rosário de corpo inteiro. Anos depois, a encontrou num baile. Mais linda do que nunca. E com as duas pernas. Jurou que ainda a amava.
Que na hora ficara em dúvida mas depois decidira que a ausência de pernas não faria diferença. Que estava pronto a casar-se com ela, mesmo pela metade. “É”, disse Maria do Rosário, sorrindo. “Mas hesitou”. E bateu com o leque fechado na cabeça do Almiro, como quem aperta o “Delete”.
Roque
Roque chegou em casa cansado, beijou o cachorro e ia bater na cabeça da mulher quando essa interrompeu seu gesto e protestou: “Ó Roque!” Roque se desculpou. “É a rotina, é a rotina”. Mas a coisa se agravou. No outro dia o Roque desligou a mulher usando o cachorro como controle remoto e levou a TV pra cama.
Maura
“E pensar” disse a Maura, fazendo um gesto que incluía o chão da sala coberto com os brinquedos das crianças, os restos de pizza e as latas de coca e cerveja em cima da mesa, o sofá desalinhado e o Raimundo roncando em cima do sofá, “que eu deixei o balé por isso...”
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