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terça-feira, 26 de julho de 2011
26 de julho de 2011 | N° 16773
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Viagens de trem
Tomo um táxi e, sem razão nem porquê, o motorista começa a falar de trens. Nasceu na Fronteira e o tema lhe desperta agradáveis recordações. Era passageiro do Minuano, uma composição dotada de amplas poltronas e, especialmente, de um vagão-bar, onde você podia tomar sua cerveja ao ritmo sincopado dos trilhos. Havia também os Húngaros, nos quais lhe serviam o jantar numa badeja móvel, dessas que se encontra hoje nos aviões.
Escuto-o com atenção, mas sem poder me esquecer dos trens em que viajei nos Estados Unidos e na Europa. Os americanos eram burocráticos. O máximo que lhe alcançavam era um cobertor, quando a temperatura lá fora era muito baixa. Já os europeus eram todo um compêndio da arte de viajar.
Primeiro, lhe davam uma cabine, que você precisava dividir com ingleses, alemães, franceses. Segundo, um carrinho passava por sua porta e lhe oferecia drinques e petiscos. Terceiro, a companhia na cabine era agradável – às vezes graciosa e agradabilíssima – e você podia se sentir um eleito dos deuses.
Não esqueço também as viagens no TGV, que uniam Paris a Londres em três horas, sob o Canal da Mancha. Foi igualmente esse bólido que me levou de Paris a Nice, na Côte d’Azur, passando por Marselha. E ali ficava todo um mundo de charme e encantamento, cujo centro e capital era o Principado de Mônaco.
Mas se me perguntarem qual foi a viagem que mais me impressionou, porei de lado uma que me levou de Colônia, na Alemanha, a Paris, para me fixar em outra, bem mais ao sul.
Falo de um trajeto que me conduziu de Munique a Zurique. Era um dia em que nevava muito, e os flocos pintavam o mundo de branco. Eu estava só, numa cabine, quando entrou uma mulher de seus 30 anos, muito bonita.
Percebi, por seu rosto, que sofria. Era francesa e casada. Assim que a composição se movimentou, abriu as torrentes de suas confissões. O seu era um drama não muito incomum, mas mesmo assim emocionava. Escutei-a com atenção e lhe dei alguns conselhos, que nunca soube se usou.
Era uma cena surreal. Toda aquela neve caindo e uma mulher jovem e linda entregando confidências a um desconhecido.
Mas essas são coisas mágicas que só acontecem num trem.
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