sexta-feira, 29 de julho de 2011



29 de julho de 2011 | N° 16776
ARTIGOS - José Sperotto*


Free shops do lado de cá

Grande número de cidades da região da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai sofre com a falta de perspectivas para o desenvolvimento econômico e, consequentemente, social. Seu comércio vem definhando ao longo de anos. Indústrias, de pequeno ou grande porte, nem projetam se instalar por lá. Enquanto isso, as cidades do outro lado da fronteira têm seu comércio solidificado a cada ano, vivendo um eldorado moderno. Por lá há empregos, por aqui, desesperança.

A riqueza de nossos irmãos uruguaios está se acumulando a partir dos consumidores verde-amarelos. Dezenas de milhares de brasileiros, de carros, ônibus, ou de qualquer outra forma de transporte, vão diariamente fazer compras nas cidades uruguaias. Em 2010, por exemplo, calcula-se que gastaram mais de US$ 1 milhão, em compras de bebidas, tênis, perfumes e outros produtos adquiridos nas lojas “hermanas”.

Todo esse dinheiro, todavia, poderia estar gerando renda e, acima de tudo, elevando a autoestima da população fronteiriça. Como? Com uma simples medida: parte dos problemas poderia ser resolvida com a abertura dos free shops do lado de cá, nas cidades gêmeas na zona de fronteira.

Nos últimos dias, participei de audiências públicas nas quais ouvi, das lideranças e também dos próprios moradores, um clamor pela urgente aprovação do projeto de lei nº 6.316/2009, de autoria do deputado federal Marco Maia (PT), que prevê a abertura de “lojas francas”, em cidades gêmeas do território nacional brasileiro, que sejam ligadas por estradas federais asfaltadas.

Desta forma, em vez de o nosso suado dinheiro ir embora para a “banda oriental”, podemos fazer com que ele fique rendendo no lado de cá, permitindo a geração de emprego e renda. Assim, as atuais e as futuras gerações poderão ter emprego nos municípios de Chuí, Jaguarão, Aceguá, Santana do Livramento, Quaraí e outras localidades que fazem fronteira também com a Argentina.

A implantação dos free shops nas fronteiras do Brasil é uma demanda apartidária, que busca estancar o empobrecimento das populações locais e a migração. Não dá mais para fechar os olhos, a solução mais rápida é a união da sociedade em prol da aprovação desse projeto em Brasília.
*Deputado estadual (PTB), vice-presidente da Assembleia Legislativa

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