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quinta-feira, 28 de julho de 2011
28 de julho de 2011 | N° 16775
ARTIGOS - Susana Kakuta*
Para inovar não bastam palavras
Estive agora quase um mês na Coreia do Sul. Desta vez, a convite do seu governo, para conhecer mais o chamado Milagre Coreano, uma revolução socioeconômica baseada na economia do conhecimento. Voltei impressionada e com algumas certezas.
Em 1962, a Coreia era um dos lugares mais pobres do mundo, com PIB per capita de US$ 87 e exportações de US$ 40 milhões, baseadas em produtos primários. Em 2007, já se posicionava como uma das mais dinâmicas nações comerciais do mundo, com PIB per capita de US$ 20 mil e um volume de exportações de US$ 730 bilhões, em semicondutores, computadores, automóveis, navios e produtos petroquímicos.
Para chegar a esse patamar, o país construiu uma estratégia em que todo desenvolvimento é resultado da economia do conhecimento, passando por três fases distintas: de “seguidor” de tecnologias para “imitador” e, recentemente, para a fase de “inovador”.
Lá não se fala em educação sem que haja estreita correlação com a tecnologia, mas não só a vinculada às ciências exatas. Por outro lado, a estratégia nacional fez nascer o Ministério da Economia do Conhecimento, encarregado de estimular a repatriação de talentos, fazer investimentos em ambientes de inovação, acelerar a geração e a comercialização de patentes, além de fomentar o enfrentamento da globalização pela via da agregação de valor.
Também a cooperação e o papel do governo, do setor privado, das universidades e dos centros de tecnologia vêm crescendo nos últimos anos, levando a Coreia do Sul a avançar da 21ª posição, em 2002, no ranking mundial da competitividade do IMD (Institute for Management Development, da Suíça), para 14ª em 2009.
E é nessa opção de desenvolvimento que a nação tão admirada do Extremo Oriente prossegue. Não é à toa, portanto, que a Coreia do Sul é líder mundial em alguns segmentos: primeiro lugar em produção de memórias DRAM, tecnologia LCD e construção naval; segundo lugar em celulares com tecnologia CDMA; quarto em automóveis; e quinto em petroquímica.
Estratégia, foco, consenso e continuidade são palavras fundamentais e elas não me saem da cabeça. Temos dificuldade em colocar na prática tais palavras no Brasil. Mas mantenho sempre esperança de que algo mude, assim continuo apostando num país que pode muito mais do que já é hoje.
Espero que a Política de Desenvolvimento Produtivo traga novidades, especialmente as que garantem planejamentos de longo prazo, rumo a um Brasil que seja sinônimo de geração intensiva de inovação.
*Diretora executiva do Parque Tecnológico São Leopoldo – Tecnosinos
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