quinta-feira, 14 de julho de 2011



14 de julho de 2011 | N° 16760
CLAUDIA TAJES


Vinte anos, prós e contras

Vai parecer conversa de recalcado, mas azar: a única coisa melhor que ter 20 anos é não ter mais 20 anos. E dá para explicar.

Com 20 anos, só existem descobertas a se fazer na vida, o que é perfeito. Por outro lado, com que enfado a gente trata as descobertas aos 20 anos. Por mais novo que tudo seja, sempre parece que poderia ser melhor, ou que não era tão novo assim.

Também aos 20 as certezas são muito maiores do que serão aos 30, aos 40, aos 80. Na hora é bom, só que o tombo é um pouco maior. Palavras de Nelson Rodrigues: o jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um, o da imaturidade. Não que falte adulto imaturo no mercado.

Com 20 anos, o desprendimento para experiências atinge o auge. A praia onde só dá para chegar por uma estrada de lama e plantando bananeira? Confirmado. Três dias de shows em um lugar perdido no mapa, e com chuva? Fechadíssimo, e desde os tempos de Woodstock. Surfar no Rosa em pleno inverno, voltando para o Chuí no mesmo dia? Não há nada mais normal. Empreitada é enfrentar os almoços de domingo com os parentes, aos 20 anos.

Depois que os 20 anos vão longe, junto com a saudade, vem o alívio por ter sobrevivido a eles. Tanto Xis Banha comprado nas espeluncas mais infectas, tanta gripe mal curada, tanto Epocler, tanta noite virada, tanta festa em cada lugarzinho que vou te contar. Em compensação, quanta história para contar aos 50.

Em um dos filmes mais simpáticos, por assim dizer, do grande Francis Ford Coppola, Peggy Sue – Seu Passado a Espera, a protagonista de 43 anos volta aos 18 com a vivência do presente no corpo de antes. Chavão, mas a nata dos dois mundos. Não ter mais 20 anos é perceber que as calças jeans, infelizmente, deixaram de repente de vestir tão bem. Já a simpatia e a cultura, essas sobem que é uma beleza.

Foi eterno enquanto durou. Agora é bola no meio do campo que ainda tem muito jogo pela frente. E jogo dos bons.

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