quinta-feira, 7 de julho de 2011


ELIANE CANTANHÊDE

É pegar ou largar

BRASÍLIA - Alfredo Nascimento já foi tarde do Ministério dos Transportes. A questão é saber se ele vai, mas o PR fica, mantendo uma das pastas mais ricas da República.

PR, aliás, significa Partido da República, mas passa ao largo das práticas republicanas. Não tem ideologia, programa e objetivos, gerando uma dúvida: o que afinal une Alfredo Nascimento, Blairo Maggi e Valdemar Costa Neto?

É a união deles que faz a força. Controlam cerca de 40 deputados federais e agora 7 senadores (com a volta de Nascimento), ajustam essa tropa a favor ou contra o Planalto e administram o bojudo orçamento dos Transportes -que já era suspeito na era FHC, com o PMDB, e continuou na de Lula, com o PR.

Dilma está diante de duas opções: romper esse círculo vicioso, nomeando um bom técnico para o ministério, ou ceder à pressão e ficar refém do PR, engolindo um outro Nascimento qualquer na pasta. Seria como eliminar pessoas, mas mantendo os esquemas e práticas.

Note-se que o governo Dilma já vive mais uma crise, e das boas, nem bem terminou o seu primeiro semestre. E foram crises éticas, criadas por irregularidades e enriquecimentos ilícitos.

Assim como Palocci caiu da Casa Civil por negócios mal explicados que multiplicaram seu patrimônio por 20 num estalar de dedos, Nascimento volta para o Senado sob acusação de propinas e superfaturamentos que podem estar por trás do crescimento do patrimônio da empresa do seu filho em 86.500%. É isso mesmo, segundo o jornal "O Globo": 86.500% em dois anos.

Funciona assim: o ministério repassa recursos para a empresa SC Carvalho, que os transfere para empresa do filhote de 27 anos do ministro. O menino é um gênio, um novo "Ronaldinho".

O desafio de Dilma é se livrar de gente e de partidos assim, mas garantindo sustentação política e votos no Congresso. Fácil não é. Mas quem disse que seria?

elianec@uol.com.br

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